O Presidente de Angola João Lourenço desafiou esta sexta-feira a Alemanha a investir nos setores dos transportes, energia e agricultura, entre outros, sublinhando que existe agora um ambiente favorável ao setor privado.

Falando após uma reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, que cumpre esta sexta-feira uma visita de algumas horas a Angola, João Lourenço focou o interesse recíproco dos dois países no sentido de intensificar as relações empresariais e económicas.

Angola ao longo destes anos tem beneficiado de linhas de crédito da banca comercial alemã para projetos de infraestruturas públicas, mas quase nenhum investimento privado de destaque, o que pretendemos hoje, uma vez que estamos a criar com algum sucesso um ambiente de negócios favorável ao investimento privado”, salientou.

O chefe de Estado destacou ainda algumas preferências, que vão ao encontro das capacidades do setor industrial alemão, como a siderurgia e o aço, a agricultura e pecuária, a ciência e a saúde, o setor automóvel e o turismo.

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João Lourenço indicou que durante a visita da chanceler alemã vão ser apresentadas várias iniciativas que visam ampliar o quadro de cooperação bilateral entre os dois países na área da capacitação e formação de quadros.

“Temos um registo muito positivo da implementação das ações que se inscrevem no quadro desses acordos, e estamos por isso encorajados a projetar iniciativas que submeteremos à consideração de Vossa Excelência, no decurso deste nosso encontro, com a expectativa de obter da vossa parte uma reação que concorra para a ampliação do nosso quadro de cooperação bilateral, com vantagens para ambas as partes”, referiu o chefe de Estado angolano.

Nesse sentido, João Lourenço vincou “um grande interesse em aprofundar e ampliar a cooperação com as instituições financeiras e bancárias alemãs competentes” com o objetivo de assegurar “os financiamentos necessários para o desenvolvimento dos setores do gás, de energia e águas, das infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias, no regime de parcerias público-privadas”.

O Presidente angolano elogiou a “abertura” da Alemanha no domínio da cooperação financeira que tem correspondido às expectativas do executivo na “realização de projetos de desenvolvimento”.

Um dos pontos assinalados pelo Presidente angolano passa pela aquisição de equipamento eletromecânico alemão para as turbinas na barragem de Caculo-Cabaça, tendo mostrado interesse em “ver o envolvimento de empresas alemãs na construção de outras centrais hidrelétricas”.

A “expansão e modernização da rede elétrica” e o envolvimento da Alemanha no “desenvolvimento da produção agrícola em Angola” foram também outros pontos que João Lourenço espera serem impulsionados pela cooperação com a Alemanha.

O Presidente angolano considerou que “apesar de curta”, a visita da chanceler alemã é “altamente produtiva”, enumerando alguns dos acordos que estão a ser preparados em setores como o dos recursos minerais e petróleos, transportes aéreos e energéticos.

Da mesma forma, João Lourenço assinalou a preparação de contratos comerciais nos transportes, “para o metro de superfície de Luanda”, na saúde “para a construção de unidades hospitalares”, e na banca, “para a construção da fábrica de papel, moeda e documentos de alta segurança”.

O Presidente concluiu com o desejo de “ver o nome da Alemanha associado” ao “projeto de apetrechamento da Marinha de Guerra angolana no quadro da vigilância e segurança marítimas” nas águas angolanas e no Golfo da Guiné.

Por seu turno, Angela Merkel assinalou que a Alemanha quer dar a sua contribuição para o desenvolvimento de Angola e pretende contribuir com a sua presença para iniciar um novo capítulo da cooperação entre os dois países que se traduzirá na assinatura de acordos concretos.

Trata-se da segunda visita da chanceler Angela Merkel a Angola, tendo a primeira ocorrido em 2011, ocasião em que foi acordada uma parceria alargada entre os dois países.

João Lourenço visitou a Alemanha em agosto de 2018 e voltou a encontrar-se com a chanceler Merkel em Nova Iorque, no mês de setembro.

Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores angolano, Manuel Augusto, referiu que a Alemanha é já um “parceiro tradicional” de Angola, onde tem instaladas um “conjunto de empresas que têm um impacto direto” na economia angolana e nas condições de vida da população.