Recuando a janeiro de 2019 e à entrada de Bruno Lage para o comando do Benfica, Haris Seferovic, avançado que até começou essa temporada mais fora do que dentro do clube, levava apenas quatro golos. Depois, com a mudança de treinador, terminou a época com uma média superior a um golo por jogo, com 19 remates certeiros em 17 partidas que lhe valeram o prémio de melhor marcador. Esta noite, no clássico, o internacional suíço esteve 28 minutos em campo, chegou atrasado numa boa oportunidade que poderia ter valido o empate e perdeu a bola em seis das sete ocasiões em que teve a posse. Os contextos mudam, os momentos são diferentes, o número 14 perdeu influência mas nem por isso deixa de haver um avançado referência na frente: Carlos Vinícius.

Sérgio, nome de aluno do quadro de honra quer o apelido seja Conceição ou Oliveira (a crónica do FC Porto-Benfica)

O brasileiro já tinha marcado no Dragão mas pelo Rio Ave, tendo demorado apenas 18 minutos para marcar no seu primeiro clássico e 50 para bisar, naquele que foi o quinto encontro a marcar dois golos na época, quarto a contar para o Campeonato. Aliás, é aí que o antigo avançado do Nápoles, com passagens anteriores por Real Massamá, Rio Ave e Mónaco, mais se tem destacado, com uma média sem igual: em 955 minutos dos 18 jogos feitos na Primeira Liga (dez como titular), Vinícius leva já 14 golos, numa média de 68.2 minutos por golo – acima dos 86.7 que tem juntando Liga dos Campeões, Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga (19 golos em 1.648 minutos).

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“Eles tiveram três oportunidades, uma das quais o lance do penálti que ainda não analisámos mas acredito que não foi, e marcaram”, começou por comentar o avançado (assobiado pelos adeptos azuis e brancos sobretudo depois de ter pontapeado uma bola a mais para a bancada) na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“Fizemos um bom jogo e mantivemos a nossa identidade. Conseguimos ter posse de bola, mas é um clássico, um jogo grande. De qualquer forma, o trabalho continua a ser o mesmo se ganhássemos ou empatássemos. Saímos de cabeça erguida e ainda tem muito Campeonato com a nossa vantagem. Quatro pontos são quatro pontos”, referiu de seguida na flash interview, a propósito das últimas 14 jornadas da Primeira Liga.

Depois de um arranque de temporada discreto e condicionado por um problema físico, Carlos Vinícius sempre foi encarado como uma das grandes aposta do clube, que pagou 17 milhões de euros pelo seu passe naquela que foi então a terceira maior contratação de sempre das águias, apenas atrás de Raúl Jiménez e Raúl de Tomás (entretanto já chegou Weigl, por 20 milhões). No final de setembro, Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados, acrescentou ainda que FC Porto e Sporting tinham também tentado o brasileiro de 24 anos.

Em 2018 estava no Real Massamá, agora tornou-se o terceiro reforço mais caro de sempre: Carlos Vinicius no Benfica

“Até podia comprar por 20 milhões. Em maio estive em Nápoles para contratá-lo e oferecemos 12 milhões de euros, rejeitados pelo presidente do Nápoles. Uns meses depois, dois clubes portugueses e um inglês tentaram o Vinícius. Não podem desmentir. Se calhar não tinham era pedalada para o comprar. A decisão de fazer a sua contratação foi minha. Graças ao crédito que temos, sabemos comprar”, disse o número 1 do clube na TVI.

Mais recentemente, e sem falar em nomes, Vieira voltou a deixar elogios ao potencial do jogador (que de acordo com a imprensa italiana terá sido alvo de uma proposta de 55 milhões de euros rejeitada pelo Benfica) depois do encontro em Alvalade com o Sporting. “Se vou trazer mais reforços? Estão no Seixal os nossos reforços. Se estamos com uma saúde financeira tão boa que nos permite ir buscar o Weigl? O Weigl não é problema nenhum. Também fomos buscar um no início da época por 17 milhões e um dia mais tarde será vendido por 100. Isso são contas que vocês fazem e que não interessa nada”, comentou a propósito de Vinícius e da sua cláusula de rescisão.