O diretor nacional da PSP, que tomou posse na semana passada, voltou a sair em defesa do agente envolvido no caso da alegada agressão a uma mulher que resistiu a ser detida, na Amadora. Em entrevista à TVI, Magina da Silva — que já tinha dito que tinha visto “um polícia a cumprir as suas obrigações e as normas que estão em vigor na PSP” — insistiu que, pelo que viu nos vídeos que foram tornados públicos nas redes sociais, o agente “usou a força conforme a bíblia dos polícias”, referindo-se à Norma de Execução Permanente.

O caso aconteceu a 19 de janeiro, na Amadora, no momento em que um elemento da PSP dá ordem de prisão a Cláudia Simões, que, alegadamente, tinha recusado pagar o bilhete de autocarro da filha. A mulher acabaria por ser levada para a esquadra e depois ao hospital, revelando vários hematomas e ferimentos, sobretudo no rosto. Segundo as suas denúncias, teria sido agredida com violência já dentro do carro da PSP.

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Sobre isso, Magina da Silva diz apenas que há cuidados que os elementos da força policial têm de respeitar — sendo punidos se não o fizerem.

Esta Bíblia depois também tem um reverso. Diz que depois de um suspeito ou de um detido estar manietado, controlado e algemado com as mãos atrás das costas, ‘na condução de indivíduos algemados devem ser tomadas todas as precauções tendentes a evitar quedas ou pancadas inopinadas’ e diz também ‘no caso de indivíduos que mesmo após a algemagem continuem a resistir ou a apresentar comportamentos violentos, é proibida a utilização de quaisquer armas ou técnicas que impliquem impactos, podendo execionalmente optar pelo uso de gases neutralizantes'”, concluiu.

O caso levou a acusações de racismo por parte da PSP, que o diretor nacional também quis afastar. Na entrevista, Magina da Silva disse que “há tanto racismo na polícia como há na sociedade portuguesa”, até porque “os polícias não vêm de Marte, nem sequer são verdes, vestem-se de azul”:

Os polícias vêm da sociedade portuguesa e refletem todas as virtudes e todos os defeitos da sociedade portuguesa. (…) As convicções e o que vai na cabeça de cada homem eu não posso alterar. Agora, os comportamentos observáveis e as opiniões que eles expressam publicamente, isso eu posso avaliar e vou avaliar.”

Magina da Silva rejeita, ainda assim, a certeza da influência crescente da extrema-direita nas polícias. “Não estou tão seguro de que haja infiltrações da extrema direita generalizadas como se comenta”, garante, lembrando que defende que “polícias no ativo não podem ter filiação partidária, nem podem defender qualquer partido publicamente”. Diz, aliás, que a sua perceção — de “polícia há 35 anos” — “é que a política não é assunto para os polícias”.

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