O ex-polícia militar Adriano Magalhães da Nóbrega, fugido à justiça brasileira desde janeiro de 2019 por ser um dos principais suspeitos no homicídio da vereadora carioca Marielle Franco, foi morto durante uma operação policial no passado domingo, na cidade de Esplanada, na Bahia.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a polícia tinha localizado, na manhã deste domingo, aquele suspeito e fugido à justiça sob o qual pendia um mandado de prisão. Resistindo à ordem de detenção com tiros, a polícia respondeu de forma letal, de acordo com o mesmo relato. Adriano Nóbrega ainda foi levado para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Conhecido como Capitão Adriano, o miliciano era apontado como sendo um dos líderes da milícia Escritório do Crime, da qual faria parte outro miliciano e ex-polícia militar, Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018. Adriano Nóbrega entrou para a polícia em 1996 e foi expulso em 2014 por ter feito “trabalhos informais” para milícias paramilitares no Rio de Janeiro, atividade de que terá feito parte pelo menos durante uma década.
O nome de Adriano Nóbrega também apareceu associado à investigação do que ficou conhecido como o esquema da “rachadinha” do senador Flavio Bolsonaro, filho mais velho do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Tanto a mãe como a mulher de Adriano Nóbrega terão tido empregos fictícios — recebendo salários por completo sem que desempenhassem verdadeiras funções — no gabinete de Flavio Bolsonaro à altura em que este foi deputado estadual do Rio de Janeiro.
O advogado de Adriano Nóbrega, Paulo Emilio Catta Preta, tinha dito à imprensa brasileira que o seu cliente temia ser morto, dizendo-lhe por telefone que tinha a “certeza” de que iriam matá-lo como forma de “queimar arquivo”. Esse terá sido o primeiro contacto feito entre o ex-polícia militar e aquele advogado, disse aquele jurista.
Ao Estado de S. Paulo, o advogado disse ainda: “Eu estranhei ele me ligar, porque nunca havíamos conversado. Me disse que estava ligando porque estava muito aflito, que tinha absoluta certeza de que iriam atrás dele não para prender, mas para matar”.
Em comunicado à imprensa, o PSOL, partido de Marielle Franco, exigiu “esclarecimentos sobre as circunstâncias das morte do miliciano”, sublinhou a necessidade de “respostas e transparência para pôr fim à impunidade” para assim serem julgados “diversos crimes”.