A italiana Silvia Calderoni apresenta, na sexta-feira e no sábado, no Teatro Carlos Alberto, no Porto, uma “performance-monstra” que foge aos preconceitos “de género e de narrativa”, intitulada “MDLSX”, funcionando como pista de dança, frente a um DJ.

A performance parte de dramaturgia criada por Calderoni e Daniela Nicolò, que, por sua vez, trabalhou a encenação com Enrico Casagrande, responsável pelo trabalho sonoro em torno de “uma simbiose de várias inspirações, evocações literárias e ainda fragmentos autobiográficos”, como se apresenta.

Num formato que transporta o público para um set de DJ/VJ, e com a presença andrógina de Silvia Calderoni, ‘MDLSX’ é um mecanismo sonoro explosivo que explora temas que vão desde a transformação, a fusão de géneros, ao ser-se outro que não os limites do corpo, da cor da pele ou dos órgãos sexuais”, pode ler-se na apresentação do espetáculo.

A folha de sala inclui uma citação de Paul B. Preciado, no livro “O feminismo não é um humanismo”, uma das inspirações para a dramaturgia, referindo-se à “mudança necessária” como “tão profunda que é impossível dizê-la”. “Tão profunda que se diz inimaginável. Mas o impossível tem de ocorrer. E o impensável é esperado…”, pode ler-se.

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Casagrande e Nicolò formam a companhia italiana Motus, fundada em Rimini em 1991, e têm tido, desde 2006, em Calderoni, a principal intérprete de peças que vivem digressões internacionais, tendo recebido, entre outras distinções, três prémios UBU.

O grupo chama a este trabalho uma “performance-monstra” pela combinação entre ficção e autobiografia, combinando autores como Judith Butler, Donna Haraway ou Paul B. Preciado, entre outros marcos da literatura ‘queer’, além do uso de vídeos caseiros e da música, que vai de Vampire Weekend a Talking Heads, Dresden Dolls e The Smiths.

Estreado em 2015, “MDLSX”, definido como “um hino à liberdade de tornar-se outro e ser-se outro”, deu azo a uma série que reflete sobre barreiras de identidade, conceitos de rebelião e “suspensão da vontade”, aponta a Motus, que lhe deu seguimento com “Raffiche” (2016) e “Uber Raffiche” (2017).

Em 2018, esta performance passou pela Culturgest, em Lisboa, e a companhia Motus já se tinha apresentado em Portugal há quase uma década, em 2011, então integrados na programação do festival Escrita na Paisagem, em Évora.

“MDLSX” é apresentado no Teatro Carlos Alberto na sexta-feira, pelas 21h, e, no sábado, pelas 19h, em língua italiana e legendagem para português, estando indicado para maiores de 16 anos.