“A Vida Invisível”

No Rio de Janeiro de meados do século XX, duas irmãs, Guida (Júlia Stockler) e Eurídice (Carol Duarte) vêem-se separadas devido aos preconceitos do pai e à passividade da mãe, passando a viver perto uma da outra mas pensando cada uma que estão separadas por um oceano. Em “A Vida Invisível”, os atores são muito bons (entre eles, os portugueses António Fonseca e Flávia Gusmão) e o realismo da recriação do Rio e da vida nesta cidade nos anos 50 e 60 é vívido e tristonho. O problema deste filme de Karim Ainouz (“Madame Satã”, “O Céu de Suely”) reside na história, que apesar da sua sinceridade, é demasiado folhetinesca e telenoveleira nas personagens, situações e emoções, e tudo é telegrafado por antecedência aos telespectadores. Entre o dramático e o dramalhão a distância é curta e Ainouz ultrapassa-a, e muito.

“O Farol”

O novo filme de Robert Eggers, o realizador de “A Bruxa”, passa-se na Nova Inglaterra, nos finais do século XIX, numa ilha inóspita e feia onde se ergue um farol. O encarregado da estrutura é Thomas Wake (Willem Dafoe), um antigo pescador, homem rude, brusco e expansivo que por vezes fala como se estivesse a citar “Moby Dick”, de Herman Melville. Junta-se-lhe, por cinco semanas, o tempo em que ficam incomunicáveis com o continente, um novo ajudante, Ephraim Winslow (Robert Pattinson). Wake impõe a sua autoridade a Winslow pondo-o a fazer as tarefas menores. Quanto a Wake, trata da luz, e mais ninguém pode subir lá acima. “Eu trato da luz. A luz é minha”, diz ele. “O Farol” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.

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