A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) saudou esta quinta-feira o plano para reduzir o trânsito automóvel na Baixa de Lisboa, manifestando, contudo, reservas relativamente à circulação de veículos elétricos.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS), apresentou em 31 de janeiro a nova Zona de Emissões Reduzidas Avenidas/Baixa-Chiado, que prevê que o trânsito automóvel nessa área passe a ser exclusivo para residentes, portadores de dístico e veículos autorizados, entre as 6h30 e as 00h00, a partir do verão.

Baixa de Lisboa com acesso limitado a carros a partir de Junho

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Em comunicado, a FPCUB destaca que “projetos que impliquem a redução de espaço para a circulação e estacionamento automóvel” já levaram, no passado, a câmara a fazer “compromissos que acabaram por mitigar os resultados positivos” dos mesmos, como por exemplo a remoção de uma das ciclovias previstas para o lado nascente da Avenida da República na requalificação do denominado Eixo Central.

“Desta forma, apelamos à Câmara Municipal de Lisboa para que se mantenha fiel aos princípios e objetivos enunciados na apresentação da ZER Baixa–Chiado”, solicita a federação, ressalvando, no entanto, que a circulação de veículos elétricos nesta zona já os contraria.

“É sabido o enorme poder de arranque dos veículos com motor elétrico devido ao seu elevado binário. Isto conjugado com o facto de não fazerem ruído, mesmo em movimentos de baixa velocidade, faz com que possam aproximar-se rapidamente das pessoas sem que estas se apercebam do facto, podendo ser um motivo adicional para acidentes”, considera a FPCUB.

Para a federação, esta deve ser uma oportunidade “para unir as ciclovias ribeirinhas a poente e a nascente da Baixa, preenchendo uma lacuna que existe atualmente na rede ciclável”.

A FPCUB sugere também que as condições para circular a pé entre a Rua do Ouro, a Rua 1.º de Dezembro e a Zona do Chiado sejam melhoradas, “promovendo elevadores e meios mecânicos funcionais e operacionais como as escadas do Metropolitano de Lisboa”.

Além disso, “deveria ser ponderada uma ligação suficientemente frequente e multimodal entre as estações do Cais do Sodré, do Rossio, Restauradores e de Santa Apolónia em autocarros, elétricos de superfície e disponibilidade de serviços de mobilidade partilhada de baixo carbono de forma a diminuir os tempos de percurso entre estas estações”.

No entender da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, a criação da Zona de Emissões Reduzidas permitirá “criar acessibilidade universal, com conforto e segurança, para peões e utilizadores de bicicleta”, bem como beneficiar os comerciantes.

“A pedonalização do espaço público e a criação de espaços de fruição aumentam os tempos de permanência e isso ajuda a dinamizar todas as atividades e estabelecimentos que se encontram no local, contrariando a ideia de que as pessoas só vão ao local se puderem levar o seu automóvel”, argumenta a FPCUB.

A ZER abrange parte das freguesias de Santa Maria Maior, Misericórdia e Santo António, sendo delimitada a norte pela Calçada da Glória, Praça dos Restauradores e Praça do Martim Moniz, e a sul pelo eixo formado pelo Cais do Sodré, Rua Ribeira das Naus, Praça do Comércio e Rua da Alfândega.

Esta zona de emissões reduzidas é delimitada a nascente pela Rua do Arco do Marquês de Alegrete, Rua da Madalena e Campo das Cebolas, e a poente pela Rua do Alecrim, Rua da Misericórdia, Rua Nova da Trindade e Rua de São Pedro de Alcântara.