A Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL) anunciou esta segunda-feira que pediu uma reunião com o Sindicato dos Estivadores antes da greve no Porto de Lisboa, mas diz não ter condições para corresponder às reivindicações dos trabalhadores.

A A-ETPL [empresa de trabalho portuário que garante a disponibilização de mão-de-obra aos diferentes operadores portuários do Porto de Lisboa] tomou a decisão de partilhar um estudo financeiro da consultora Ernst & Young, de outubro de 2018, que foi agora atualizado, e que demonstra que a faturação da empresa desceu abismalmente e que a empresa, com os custos atuais, não é viável”, disse à agência Lusa o presidente da associação, Diogo Marecos, que pretende reunir-se com o sindicato antes da greve com início previsto para a próxima quarta-feira.

“A faturação da A-ETPL caiu cerca de 50% em relação a 2010, mas, no mesmo período, houve um aumento grande dos custos, devido às progressões de carreira automáticas e à integração de 31 trabalhadores nos quadros de pessoal em 2016 e 2017”, acrescentou o responsável da A-ETPL.

O Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística (SEAL) convocou uma greve de três semanas, que terá início na quarta-feira, e que irá afetar apenas alguns operadores do Porto de Lisboa, designadamente, as três empresas do grupo Yilport – Liscont, Sotagus e Multiterminal – e uma quarta empresa, TMB (Terminal Multiusos do Beato).

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Os estivadores exigem que a A-ETPL cumpra o contrato coletivo de Trabalho (CCT) em vigor no Porto de Lisboa e que proceda ao pagamento atempado dos salários, dado que nos últimos 17 meses receberam a remuneração que lhes era devida em 48 prestações.

A greve dos estivadores do Porto de Lisboa, que decorre de 19 de fevereiro a 9 de março, foi decretada na sequência de uma proposta da A-ETPL para uma redução de salários de 15% e o fim das progressões de carreira automáticas.

A A-ETPL alega que os “123 pré-avisos de greve (uma média de mais de um pré-aviso de greve por mês), a maioria dos quais ao trabalho suplementar” emitidos pelo SEAL, entre 2008 e 2018, contribuíram decisivamente para a degradação da situação financeira da empresa e para a perda de cargas e de algumas linhas de navegação.

Contactado pela agência Lusa, o Sindicato dos Estivadores remeteu uma tomada de posição depois de uma reunião da direção, que está prevista para as 8:00 de terça-feira.