O ex-diretor de investigação criminal da GNR Amândio Marques disse esta segunda-feira em tribunal desconhecer qualquer pacto de silêncio com a Polícia Judiciária Militar que envolvesse a colaboração na investigação do furto das armas de Tancos.

Na sessão desta segunda-feira da fase de instrução do processo do caso das armas roubadas, e depois recuperadas, dos paióis da base militar de Tancos, o juiz começou por ouvir o arguido Taciano Correia, antigo diretor do Departamento de Investigação Criminal (DIC) da GNR que foi substituído pelo seu adjunto e também arguido coronel Amândio Marques, cujo depoimento terminou da parte da tarde.

O coronel Taciano Correia explicou que recebeu dois telefonemas do diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), que também é arguido no processo, a pedir a colaboração da GNR numa investigação, mas que desconhecia que era sobre o furto do armamento de Tancos, disse o seu advogado.

Por sua vez, Amândio Marques declarou ao juiz Carlos Alexandre que “não houve qualquer pacto de silêncio” para encobrir a PJM ou para que fossem realizadas investigações paralelas. Pelo contrário, segundo a sua advogada, Amândio Marques desde o início que teve uma postura de “colaboração com a justiça sobre aquilo que entendeu serem as suas suspeições, a sua leitura sobre os factos e conforme lhe foram apresentados”.

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Segundo Lúcia Dias, “não houve qualquer pacto de silêncio, não houve qualquer conhecimento dos factos [da acusação] e não há prova que os sustente”.

Amândio Marques está acusado dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos e favorecimento pessoal, tendo ficado suspenso de funções.

No final da sessão, o advogado Cruz Campos, defensor de Lima Santos, outro dos arguidos e militar da GNR, afirmou estar satisfeito com o depoimento dos dois militares porque começaram a assumir responsabilidades das ordens que deram.

Está na altura de os coelhos começarem a sair da toca e a assumirem as suas responsabilidades. Neste processo está em causa o interesse nacional e a recuperação das armas tinham uma importância extrema”, disse aos jornalistas sem adiantar a que elemento se referia em concreto.

O advogado reiterou que o seu cliente, que ocupou o cargo de chefe do Núcleo de Investigação Criminal de Loulé da GNR, “em momento algum desobedeceu a ordens”, dizendo que elas foram dadas e validades por superiores hierárquicos que “têm de assumir as suas responsabilidades”.

Na versão do Ministério Público, Taciano Correia, Amândio Marques e Lima Santos tiveram conhecimento de toda a “encenação” para a recuperação do armamento furtado e pactuaram com ela.

Na quarta-feira vão depor como testemunhas, a pedido de Amândio Marques, o diretor da Polícia Judiciária, Luis Neves, o vice-diretor da PJ e, à altura dos factos, um dos procuradores responsáveis pelo processo, João Melo e outro dos procuradores que assinou a acusação, Vitor Magalhães.