O ministro do Ambiente defendeu esta terça-feira que a avaliação de impacto ambiental do futuro aeroporto do Montijo foi “muito rigorosa” e apresenta alternativas, em reação a queixas de uma associação holandesa de proteção das aves.

A associação para a defesa das aves da Holanda avançou com uma petição, que já terá cerca de 26 mil assinaturas, em defesa do maçarico-de-bico-direito, uma ave símbolo daquele país e que estará em risco por causa da construção do aeroporto do Montijo, visto que utiliza o estuário do Tejo como ponto de passagem na sua migração anual.

Em declarações aos jornalistas, à margem da apresentação do novo concurso de transportes da Área Metropolitana de Lisboa, Matos Fernandes destacou que a declaração de Impacto Ambiental do Aeroporto do Montijo “foi discutida publicamente, foi discutida tecnicamente, e tem um conjunto de medidas de compensação e de minimização dos impactos ambientais”.

Segundo o ministro, foi “uma avaliação muito rigorosa”, que “concluiu que os impactos que existem podem ser minimizados”.

O ministro destacou que, “na parte aérea que é afetada da Reserva Natural do Estuário do Tejo ela é compensada por outras áreas que até são de maior dimensão” destinada à população de aves, nomeadamente algumas salinas na margem sul.

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De acordo com a rádio TSF, a petição, da Associação para a defesa das aves da Holanda, em parceria com a Organização Não Governamental BirdLife Europe, tem por título “Maçarico Sim! Aeroporto Não!” e visa proteger as centenas de milhares de aves do estuário do rio Tejo e em particular o maçarico-de-bico-direito.

Em declarações à TSF, o porta-voz da associação explica que o maçarico é a ave nacional da Holanda, país por onde passam, uma vez por ano, cerca de 85% dos animais desta espécie.

O responsável disse estar “chocado” quando a associação teve conhecimento do plano para construir o aeroporto no Montijo, um projeto que no seu entendimento vai afetar não só os maçaricos, mas milhares de outras aves que por ali passam.

Os maçaricos-de-bico-direito viajam entre África e a Holanda e pelo meio descansam na área do estuário do Tejo.”Esta área perto de Lisboa é crucial para este tipo de ave carregar baterias e ganhar forças para o final da viagem. A ideia de ter um aeroporto num estuário é difícil de entender numa sociedade de preservação da natureza. É uma zona protegida vital para milhares de aves migratórias e pode causar um desastre ecológico”, destacou.

Em 8 de janeiro de 2019, a ANA — Aeroportos de Portugal e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo, na margem sul do Tejo, num novo aeroporto.

O aeroporto do Montijo poderá ter os primeiros trabalhos no terreno já este ano, depois da emissão da Declaração de Impacto Ambiental (DIA) e da reorganização do espaço aéreo militar e após os vários avanços registados em 2019.

Esta terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, escreve um artigo de opinião no jornal Público em defesa do aeroporto do Montijo, onde reconhece que o risco mais sério são as colisões de aves com aviões.