O poder de requerer a ajuda das forças policiais e do delegado da equipa visitada ou, no limite, interromper o jogo para telefonar à Associação de Futebol de Lisboa (AFL), a única entidade com poder para decidir sobre um eventual término definitivo de uma partida de futebol onde se verificam casos de racismo. De forma resumida, são estas as alternativas que um árbitro da I Liga portuguesa tem para reagir face a casos como o que envolveu o jogador Moussa Marega no passado domingo.

O jornal Público conta que existem várias carências na capacidade de intervenção dos árbitros de futebol em casos de racismo, especialmente na categoria dos árbitros não profissionais, escalão onde não existe qualquer procedimento pré-estabelecido ou sequer poder para interromper uma partida.

No Estádio D. Afonso Henriques, o árbitro Luís Godinho deu uso às ferramentas que tinha, nomeadamente a utilização de um protocolo elaborado pela UEFA de propósito para incidentes racistas em jogos de futebol. Noutras divisões a situação é mais complicada.

No últimos meses têm sido reportados vários casos de racismo em ligas inferiores — há o caso de dois jogos, um de seniores e outro das camadas jovens, ambos nas distritais de Viseu, por exemplo — e por causa do vazio de procedimentos sobre como devem reagir os árbitros não-profissionais a casos deste género, pouco ou nada se está a fazer. Limita-se a haver intervenção policial, isto pelo menos nos jogos em que o policiamento é obrigatório.

O avançado do FC Porto foi alvo de interpelações racistas no passado domingo, no jogo em que os dragões venceram o Vitória de Guimarães por duas bolas a uma. Marega abandonou o relvado e insurgiu-se nas redes sociais. O episódio já está a ser investigado pelas autoridades.

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