O combate às apostas ilegais e à manipulação de resultados desportivos “é uma prioridade” da unidade de criminalidade económico-financeira da Polícia Judiciária (PJ), garantiu esta terça-feira o diretor nacional, Luís Neves.

Em declarações à margem da Conferência de Sensibilização ao Combate à Manipulação Desportiva, realizada na sede da instituição, em Lisboa, o dirigente sublinhou o “cariz internacional” deste fenómeno e os montantes muito elevados que estão em jogo nas atividades criminosas em torno do desporto.

É, de facto, uma prioridade. Estamos a falar de verbas astronómicas, que movimentam a questão da manipulação das apostas. Há essa disfunção, há violação da ética desportiva, da seriedade, da honestidade, da transparência. E há que transmitir a todos os segmentos da população, sobretudo aos mais jovens, que o desporto tem de ter um caminho ligeiramente diferente nesta vertente das atividades criminosas”, afirmou.

Considerando o fomento da ética e da educação no desporto junto dos jovens, “um trabalho de todos”, Luís Neves reiterou ainda que, no que toca ao desporto português, “não há intocáveis” para a PJ.

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Não há intocáveis, nem nesta, nem em qualquer outra área de atividade. Essa é a matriz da Polícia Judiciária: investiga quem tiver de investigar. É o compromisso que temos, há um cidadão ou uma organização que tem de ser investigada e é investigada com os melhores meios que podemos ter”, notou.

A PJ acolheu uma outra conferência dedicada à integridade desportiva em junho de 2019 e, então, Luís Neves anunciou um reforço de “meios técnicos e humanos” para a instituição desenvolver o combate nesta área. Questionado sobre a materialização desse reforço, o diretor nacional da instituição revelou que a partir da “próxima segunda-feira” a chegada desses meios será uma realidade.

Por estes dias concluíram o estágio 118 inspetores, que entraram em formação em setembro de 2018, e estão agora em condições. Vão reforçar a área da criminalidade económico-financeira. Não é o reforço que pretenderíamos, mas, paulatinamente, iremos aportar os meios que forem possíveis a este tipo de atividade policial, para reprimir fenómenos que atravessam a sociedade e que são preocupantes”, declarou.

Já sobre o caso “Jogo Duplo”, o processo mais mediático em Portugal em torno da manipulação de resultados desportivos, que conta com 27 arguidos, e cuja leitura do acórdão se iniciou em fevereiro de 2018 e apenas deve ser concluída no próximo dia 28, caso não se verifique novo adiamento, Luís Neves defendeu que este processo não está a ser mais moroso do que outros. “Todos gostaríamos que, quer o trabalho da PJ, quer o trabalho subsequente que é feito em termos de acusação e julgamento, pudesse ser mais célere. Nesse caso concreto, não tem, de facto, bastante mais tempo relativamente a outros tipos de crimes e julgamentos. É o próprio sistema a funcionar e as coisas, do ponto de vista da celeridade, estão hoje melhores do que há uns anos”, concluiu.