O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, admitiu esta terça-feira “problemas pontuais” do ministro da Economia, Paulo Guedes, recentemente criticado após uma série de declarações polémicas, garantindo que este ficará no cargo “até ao último dia” do seu Governo.

Paulo Guedes tem alguns problemas pontuais como todos nós temos. Ele sofre ataques, que ocorrem muito mais pela sua competência do que por possíveis pequenos deslizes. E eu já cometi muitos, muitos no passado”, declarou o chefe de Estado, na cerimónia de tomada de posse de dois ministros, no Palácio do Planalto, em Brasília.

“O que nós devemos aos ministros, e em especial a Paulo Guedes, é muito, e nós reconhecemos. O Paulo não pediu para sair, mas eu tenho a certeza de que, assim como ele é um dos poucos que eu conheci antes das eleições, ele vai continuar connosco até ao nosso último dia”, disse Bolsonaro, recebendo aplausos da sua equipa governamental.

O ministro da Economia brasileiro foi duramente criticado na semana passada, após ter dito que o dólar mais barato permitia “empregadas domésticas irem à Disneyland, numa festa danada”.

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Segundo Guedes, uma taxa de câmbio mais alta é “boa para todo o mundo” e que o dólar mais barato estava a permitir que “toda a gente” pudesse ir para a Disneyland, inclusive “empregadas domésticas”. “Vai antes passear ali em Foz do Iguaçu [sul do Brasil], vai ali passear nas praias do Nordeste, está cheio de praias bonitas. (…) Vai passear no Brasil, que está cheio de coisas bonita para ver”, acrescentou o governante, num evento em Brasília, num dia em que o dólar fechou em alta e bateu um novo recorde.

De seguida, Paulo Guedes tentou minimizar as declarações, afirmando que o que quis realmente dizer foi que com o “câmbio tão barato até as classes sociais mais baixas” estavam a viajar para o estrangeiro. “Quis dar um exemplo (…). O que estou a dizer é que o câmbio estava tão barato que toda a gente ia para a Disney, até as classes sociais mais baixas. Todos têm de ir conhecer Walt Disney, mas não três ou quatro vezes ao ano”, concluiu.

Apesar de Guedes ter tentado evitar a polémica, vários políticos criticaram as suas declarações. “Atenção, empregada doméstica. Na lógica do ministro Paulo Guedes, era muito ruim ter de viajar com a sua família várias vezes ao ano. Mas agora com o Governo de Bolsonaro é bom porque… não viaja mais. Esse Governo odeia-te, ok?”, escreveu a deputada Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), na rede social Twitter.

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Na mesma rede social, o deputado federal do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) Marcelo Freixo disse que “o ódio e o desprezo que Paulo Guedes tem pelos brasileiros pobres é repugnante”, acrescentando: “Esse banqueiro parasita que fez fortuna fraudando fundos de pensão é a cara do Governo Bolsonaro”.

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No início do mês, Paulo Guedes voltou a causar polémica ao comparar funcionários públicos a “parasitas”, que estão a “matar o hospedeiro”, numa referência ao Governo e às reformas administrativas que o executivo pretende implantar.

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Na ocasião, e após a repercussão do discurso do governante, o Ministério da Economia lançou um comunicado afirmando que “reconhece a elevada qualidade do quadro de funcionários” públicos e que a as declarações do ministro foram tiradas “do contexto pela imprensa, desviando o foco do que é realmente importante no momento”, que é “transformar o Estado brasileiro para prestar melhores serviços ao cidadão”.