O Partido Democrático (PD) timorense, atualmente na oposição, reúne quinta-feira a sua Conferência Nacional para analisar duas opções alternativas de coligações de Governo propostas por forças da aliança do atual executivo, disse esta quarta-feira fonte oficial.

António da Conceição, secretário-geral do PD, explicou à Lusa que em cima da mesa está uma “opção muito mais consolidada e avançada” proposta pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, maior partido da atual coligação de Governo.

A segunda opção — “cujos contactos estão agora a ser iniciados” — está a ser liderada pelo Partido Libertação Popular (PLP), do primeiro-ministro Taur Matan Ruak e segunda força da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), a coligação de Governo, explicou.

A primeira opção, liderada pelo CNRT, integra o PD, o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) — terceira força da AMP — e os três deputados dos partidos mais pequenos no parlamento, Partido Unidade e Desenvolvimento Democrático (um deputado), Frente Mudança (um) e União Democrática Timorense (um).

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“Do lado do CNRT, no primeiro encontro que tivemos, falou-se logo sobre a possibilidade de coligação desses partidos e com um formato para garantir a inclusão. Neste aspeto pensamos que o CNRT está mais adiantado em termos de estratégias para repor a normalidade”, referiu.

A decisão, acrescentou, vai ser agora tomada num encontro do PD à porta fechada, em que intervirão os responsáveis nacionais e municipais, procurando uma decisão de consenso.

“Os estatutos do partido determinam que em caso de tomada de decisões para formação do Governo ou de nova coligação o partido necessita de reunir a sua conferência”, explicou Conceição.

“Tendo estas duas opções, vamos pensar que formato seguir”, referiu, notando a urgência de resolver a crise política que se vive em Timor-Leste e que se agravou depois do chumbo do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2020.

Conceição explicou que o eventual envolvimento do PD é a consequência da posição do partido de promover diálogo entre os partidos, “não com a intenção de distribuição de cadeiras”, mas para analisar “matérias de interesse nacional”.

O partido, recordou, enviou cartas aos dois maiores partidos com assento parlamentar, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) — na oposição — e ao CNRT, tendo tido “respostas diferentes”.

“Se por acaso a Fretilin tivesse ideia de formar coligação deveria ter avançado já esta ideia após o encontro com o Presidente da República. Mas as declarações que foram feitas foram sempre no âmbito de não ter esta intenção de formar coligação ou apoiar uma coligação que se pretenda fazer”, disse.

“Na base disto sentimos que a Fretilin não tem essa preferência”, notou.

Recorde-se que o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, afirmou já publicamente que o partido não está interessado em liderar ou integrar uma coligação.

Ainda assim, responsáveis do PLP confirmaram que estão em diálogo com forças políticas, incluindo a Fretilin, para viabilizar uma solução que ajude a resolver o impasse político que se vive em Timor-Leste.

“Por parte do PLP, a nossa posição já está clara, sobre a necessidade de viabilizar uma nova oportunidade em que os partidos políticos sejam responsabilizados”, disse à Lusa Maria Angelina Sarmento, 3.ª vice-presidente do PLP.

Fontes partidárias do PD admitiram à Lusa que há “diferenças de opinião” sobre que caminho seguir, com alguns dirigentes a argumentarem que a dignidade do partido não foi respeitada, especialmente pelo CNRT, aquando da ‘expulsão’ do PD do V Governo, então liderado pelo CNRT.