O diretor da Polícia Judiciária, Luís Neves, o diretor adjunto da PJ e o procurador Vítor Magalhães, um dos responsáveis pela acusação do caso do furto e recuperação das armas de Tancos, vão esta quarta-feira ser ouvidos como testemunhas.

Luís Neves e os procuradores João Melo e Vítor Magalhães foram chamados ao processo pelo coronel da GNR e arguido Amândio Marques que, à data dos factos, era responsável pela direção de Investigação Criminal (DIC) da Guarda.

João Melo chegou a trabalhar no processo no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), juntamente com Vitor Magalhães, mas desde janeiro de 2019 que ocupa o lugar de diretor adjunto da PJ.

No requerimento de abertura de instrução, Amândio Marques indica que não teve conhecimento de que o apoio prestado pelos militares do Núcleo de Investigação Criminal de Loulé era no âmbito do caso do furto do armamento de Tancos, e que desconhecia que “a PJM se encontrava impedida de investigar tal caso”.

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O arguido ressalva a colaboração “pronta e inequívoca” que prestou ao DCIAP quando “a seu convite e por sua iniciativa” expressou aos procuradores e ao diretor da PJ “as suas desconfianças face à versão que, quer o coronel Estalagem, quer os seus inferiores hierárquicos lhe haviam apresentado.

Em sua defesa, Amândio Marques sublinha o facto de ter “denunciado” junto dos procuradores do DCIAP “as suas desconfianças para que, se assim o entendessem, investigassem”.

Aos 23 arguidos são imputados crimes como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

Nove dos 23 arguidos foram acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre os quais Azeredo Lopes e Amândio Marques da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento. O ex-ministro da Defesa foi acusado de prevaricação e denegação de justiça, abuso de poder e favorecimento pessoal.

O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 e, quatro meses depois, a Polícia Judiciária Militar (PJM) revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé, que a acusação colocou em causa.