Uma organização não-governamental (ONG) venezuelana denunciou que pelo menos 5.076 crianças, adolescentes e jovens com menos de 30 anos foram assassinados no país, em 2019.

O relatório do Observatório Venezuelano da Violência (OVV), divulgado na terça-feira, incluiu vítimas de homicídios e de episódios de resistência às autoridades policiais ou militares.

Das 5.076 vítimas registadas no ano pasado, 102 mortos eram menores de 11 anos, 392 tinham entre 12 e 17 anos, 2.661 entre 18 e 24 anos e 1.921 entre 25 e 29 anos.

“Em cada dia de 2019 morreram 14 crianças e jovens por razões violentas. Seis morreram diariamente pela atuação letal de funcionários dos organismos policiais e 41% das mortes por resistência à autoridade ocorreram contra homens jovens de entre 18 e 29 anos”, indicou o relatório “2019 – A mortalidade violenta diminui a expectativa de vida dos jovens na Venezuela”.

De acordo com os mesmos dados, 234 vítimas mortais eram do sexo feminino, ou 5% do total das mortas entre os menores de 30 anos.

O OVV destacou que a média diária de mortes violentas de jovens registo uma diminuição em 2019 comparativamente ao ano anterior, quando a média foi de 40 homicídios por dia, num total de 14.736 vítmas.

As cinco regiões do país com maior número de mortes violentas de crianças e jovens são Miranda (771), Zúlia (548), Bolívar (424), Arágua (385) e o Distrito Capital (345).

Para a ONG, a população jovem venezuela “tem enfrentado uma situação excecional (…) experimentou a fome diretamente, a escassez e falta de serviços elementares, como nenhuma outra população sofreu ao longo da história” do país. Além de estar a viver uma grave crise, os jovens são chamados a “apoiar as famílias”, acrescentou.

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“Mas é uma juventude que continua a viver com esperança, a participar em iniciativas de solidariedade, em pequenos projetos. Tem a aprendizagem da sobrevivência e aprende a superar-se, apesar das muitas carências”, sublinhou.

“O presente é de esperança para milhares de jovens que ficaram no país e acreditam nas possibilidades de recuperar a democracia e conseguir uma vida digna para todos. Para os jovens que migraram, é também luta, em outros contextos, e também uma dor, por tudo o que perderam e porque estão angustiados por não poderem contribuir para o bem-estar da família e amigos que permaneceram na Venezuela”, afirmou a ONG no documento.

O OVV adiantou que o número de jovens assassinados em 2019 por ser superior, uma vez que em 3.036 casos de mortes violentas, registadas no ano passado, a idade das vítimas não foi especificada pelas autoridades.