Os combates no noroeste da Síria aproximam-se “perigosamente” de acampamentos onde vivem cerca de um milhão de deslocados, correndo-se o risco de um “banho de sangue”, alertou esta segunda-feira a ONU em Genebra.
O coordenador regional adjunto para as operações humanitárias na Síria, Mark Cutts, disse ainda que as Nações Unidas estão a tentar duplicar a entrega de ajuda através da fronteira turca, passando de 50 para 100 camiões por dia.
Os combates estão a chegar agora perigosamente perto de uma zona onde mais de um milhão de pessoas vivem em tendas ou abrigos improvisados”, declarou. “Há um risco real de banho de sangue”, adiantou Cutts à imprensa.
A escalada no conflito levou a ONU a aumentar de 330 milhões de dólares (303,9 milhões de euros) para 500 milhões de dólares (462 milhões de euros) o pedido de financiamento para enfrentar a crise, indicou. Segundo Cutts, a ONU enviou 1.200 camiões com ajuda para a região em janeiro e outros 700 desde o início de fevereiro.
A realidade é que não é suficiente. Mal conseguimos dar resposta às necessidades de rações alimentares de emergência, tendas, cobertores e produtos para enfrentar o inverno”, assinalou.
Cutts indicou que o pessoal humanitário está “sobrecarregado”, armazéns foram saqueados e 77 instalações médicas, incluindo hospitais, foram danificados pelos combates.
O regime de Damasco, apoiado pelo seu aliado russo, lançou em abril e intensificou em dezembro uma ofensiva no noroeste contra o último grande bastião “jihadista” e rebelde, na província de Idlib e zonas limítrofes. Os bombardeamentos diários dos pró-regime nos últimos dois meses àquela região obrigaram a um êxodo sem precedentes desde o início da guerra no país, que causou milhões de deslocados e refugiados e matou mais de 380 mil pessoas desde 2011.