O negociador-chefe da União Europeia para a futura parceria com o Reino Unido afirmou esta terça-feira, já na posse de um mandato dos 27, que está pronto a começar as negociações com Londres, mas advertiu que não as concluirá “a qualquer preço”.
Michel Barnier, que falava na conferência de imprensa no final de um Conselho de Assuntos Gerais, no qual os 27 Estados-membros adotaram formalmente o seu mandato para as negociações com Londres, congratulou-se com o apoio unânime à posição negocial “ambiciosa” da UE e disse esperar um bom arranque das negociações, até porque, sublinhou, “há muito pouco tempo pela frente”, dado um acordo abrangente ter de ficar ‘fechado’ até ao final do ano, altura em que termina o chamado período de transição do ‘Brexit’.
No entanto, o responsável francês advertiu Londres que o calendário ‘apertado’ não levará a União Europeia a fechar “um acordo a qualquer preço”, lembrando que foi o Reino Unido a recusar o prolongamento do período de transição para o ‘Brexit’ além de 31 de dezembro próximo, data em que, recordou, os britânicos deixarão o mercado único e a união aduaneira, com ou sem acordo.
Admitindo que as negociações serão “muito, muito duras”, Barnier, que já liderou as duríssimas negociações com diferentes governos britânicos para o Acordo de Saída — finalmente consumado em 31 de janeiro passado — disse esperar que haja um clima de boa-fé e de “respeito mútuo”, escusando-se a dar atenção ao “ruído” que por vezes vem do outro lado do Canal da Mancha.
Barnier precisou que a primeira ronda de negociações com o negociador do lado britânico, David Frost, começa na próxima segunda-feira em Bruxelas e prolongar-se-á até quinta, devendo a segunda ter lugar ainda em março, em Londres (as rondas negociais serão realizadas alternadamente em Bruxelas e em Londres).
Os 27 Estados-membros da União Europeia, hoje reunidos ao nível de um Conselho de Assuntos Gerais, deram “luz verde” formal à Comissão Europeia para iniciar as negociações com Londres sobre a futura parceria pós-‘Brexit’, adotando o mandato que o executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen propôs.
“O Conselho adotou hoje uma decisão que autoriza a abertura de negociações para uma nova parceria com o Reino Unido e nomeia formalmente a Comissão como negociadora da UE. O Conselho adotou também as diretrizes de negociação, que constituem o mandato para a Comissão nas negociações”, indica esta estrutura em comunicado, acrescentando que o objetivo é estabelecer “parceria ambiciosa, abrangente e equilibrada”, em “benefício de ambos os blocos”.