As denúncias de ocupação de instituições públicas da Guiné-Bissau por militares continuam esta segunda-feira, mas a situação em Bissau, capital do país, está calma, com o setor privado a funcionar com normalidade.
Numa mensagem divulgada na rede social Facebook, o primeiro-ministro, Aristides Gomes, denunciou que os militares ocuparam esta segunda-feira, ao início da tarde, o Instituto Nacional de Segurança Social.
Enquanto isso, fotografias, também divulgadas na rede social Facebook, mostram Nuno Nabian no Palácio do governo.
A Guiné-Bissau vive mais um momento de tensão política, depois de o autoproclamado Presidente Umaro Sissoco Embaló ter demitido na sexta-feira Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado Nuno Nabian para o cargo.
Umaro Sissoco Embaló demite primeiro-ministro da Guiné-Bissau
Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na quinta-feira, numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Guiné-Bissau. Sissoco Embaló marcou para esta quinta-feira posse simbólica como Presidente
Após estas decisões, registaram-se movimentações militares, com os militares a ocuparem várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) voltou esta segunda-feira a ameaçar impor sanções a quem atente contra a ordem constitucional estabelecida na Guiné-Bissau e acusou os militares de se imiscuírem nos assuntos políticos.
Apesar de ter reconhecido Umaro Sissoco Embaló como vencedor das presidenciais, a CEDEAO condena todas as ações tomadas “contrárias aos valores e princípios democráticos” e que atentam contra a ordem constitucional estabelecida e “expõem os seus autores a sanções”.
A CEDEAO reitera a “necessidade absoluta” de se esperar pelo fim do processo eleitoral e que vai ajudar a que sejam tomadas iniciativas para que seja posto um fim ao impasse pós-eleitoral.
Cipriano Cassamá, que tinha tomado posse na sexta-feira como Presidente interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado, renunciou domingo ao cargo por razões de segurança, referindo que recebeu ameaças de morte.
O primeiro-ministro Aristides Gomes denunciou que um grupo de militares invadiu a sua residência, retirando as viaturas da sua escolta pessoal e proferindo ameaças.
Umaro Sissoco Embaló já afirmou que não há nenhum golpe de Estado em curso no país e que não foi imposta nenhuma restrição aos direitos e liberdades dos cidadãos.
Umaro Sissoco Embaló diz que não há “golpe de Estado” na Guiné-Bissau