As comemorações do centenário do artista Nadir Afonso, que decorrem ao longo de 2020, incluem diversas exposições com obras inéditas do pintor, lançamento de livros, ciclos de conferências e a apresentação de um selo, disse esta terça-feira a organização. “Grande parte da obra de Nadir está inédita e, em cada exposição, haverá sempre um núcleo inédito”, afirmou esta terça-feira a viúva do artista plástico e presidente da Fundação Nadir Afonso, Laura Afonso.
Nadir Afonso nasceu a 4 de dezembro de 1920, em Chaves. Foi um arquiteto, pintor e pensador português, tendo morrido a 11 de dezembro de 2013. Diplomou-se em arquitetura, trabalhou com Le Corbusier e Oscar Niemeyer, e estudou pintura em Paris. “Há muitos quadros, muitas pinturas de Nadir que não foram vistas pelo público. Nadir assumia-se como ‘laboro-maníaco’ e, no fundo, a pintura era para ele um hobby, uma paixão, era uma obsessão, era tudo”, salientou Laura Afonso.
O Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso (MACNA), em Chaves, inaugura no sábado a exposição Nadir, Sujectum constituída por 90 obras, das quais 34 são inéditas. Segundo a unidade museológica, em comunicado, “esta proposta pretende apresentar uma perspetiva diferente da obra nadiriana, onde se conjuga a relação entre a geometria e a figuração”.
A exposição “adota um percurso que vai dos estudos às pinturas, passando pelos guaches, mostrando assim outra visão do pintor, muito pautado por obras de composições geométricas, espacillimités e pintura de cidades”. Aquela mostra estará patente ao público até dia 29 de novembro de 2020.
Exposições, conferências e livros. Cerca de duas dúzias de iniciativas irão assinalar o centenário do artista
Laura Afonso referiu que, ao longo do ano, se realizarão várias exposições de homenagem ao artista plástico, em várias localidades como Boticas, Coimbra, Porto e Lisboa. Serão ainda, de acordo com a responsável, promovidos ciclos de conferências e editadas as obras de Nadir. “É conhecido como pintor, arquiteto, mas era também um pensador, um filósofo da arte. Toda a sua obra escrita, o seu trabalho escrito, versa a filosofia estética, versa a tentativa de compreensão do fenómeno artístico, de levar a arte ao nível da consciência e da racionalidade”, frisou.
A Câmara de Boticas vai também promover um concurso dirigido às escolas, com a atribuição de prémios para os alunos dos diversos graus de ensino. Entretanto, foi já lançado pelos CTT um selo com a fotografia de Nadir, comemorativo do seu centenário, e a TAP atribuiu o seu nome a um avião. “Nadir quando era criança dizia que gostava de ter asas e voar. Agora já voa”, salientou Laura Afonso.
De acordo com a responsável, ao longo do ano serão realizadas “cerca de duas dúzias de iniciativas” que têm também como objetivo “divulgar a obra Nadir Afonso”. “Eu penso que a obra de Nadir talvez ainda não seja muito conhecida do grande público”, apontou Laura Afonso. As comemorações envolvem a Fundação Nadir Afonso, museus, autarquias, universidades e o Ministério da Cultura.
Classificação da panificadora de Chaves vai ser apreciada pelo Conselho Nacional de Cultura
O ano 2020 fica também marcado pela polémica demolição do edifício da panificadora de Vila Real, projetado por Nadir Afonso.
Providência cautelar vai tentar travar demolição da panificadora de Nadir Afonso
O imóvel, construído em 1965 e que estava devoluto há vários anos, marca a carreira de Nadir Afonso por ser sido um dos seus últimos projetos de arquitetura. Aquele espaço privado vai servir para a ampliação e renovação do supermercado LIDL na cidade transmontana. Laura Afonso lamentou esta demolição e considerou que se tratou de uma “situação incompreensível”. “O LIDL preconiza fazer projetos especiais para edifícios únicos em toda a parte, exceto em Vila Real. Em Vila Real prefere-se demolir a recuperar”, referiu.
O edifício tem um projeto congénere em Chaves, desenhado três anos antes.
Em fevereiro, foi anunciada a Direção-Geral do Património Cultural anunciou a abertura do procedimento de classificação da panificadora de Chaves, o que resultou de uma proposta da Direção Regional de Cultura do Norte. O processo vai ser apreciado pelo Conselho Nacional de Cultura que irá decidir que tipo de classificação vai ser proposta para aquele espaço.