O chanceler austríaco Sebastian Kurz classificou esta terça-feira a decisão turca de abrir as suas fronteiras para os refugiados entrarem na Europa como um “ataque da Turquia à União Europeia e à Grécia”. “É um ataque da Turquia contra a União Europeia e a Grécia. Os seres humanos são usados para pressionar a Europa”, disse o líder conservador numa conferência de imprensa sobre a situação na Síria e na fronteira turco-grega.

A União Europeia e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no âmbito do qual Ancara se comprometia a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de ajuda financeira.

A Turquia, que acolhe no seu território cerca de quatro milhões de refugiados, na maioria sírios, anunciou na sexta-feira ter aberto as fronteiras com a Europa, ameaçando deixar passar migrantes e refugiados numa aparente tentativa de pressionar a Europa a assegurar-lhe um apoio ativo no conflito que a opõe à Rússia e à Síria.

A decisão de “abrir portas” foi tomada num conselho de segurança extraordinário presidido pelo chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, um dia depois da morte de mais de 30 militares turcos em ataques aéreos em Idlib, no noroeste da Síria, realizados, segundo Ancara, pelas forças sírias, que são apoiadas pela Rússia.

A Grécia e os seus parceiros europeus temem um novo afluxo de refugiados da Síria. Em 2015, mais de um milhão de refugiados e migrantes chegaram à Europa, até um acordo entre a UE e a Turquia para regular os seus movimentos. A Grécia já está a ter dificuldades para cuidar dos milhares de requerentes de asilo que estão retidos no país, às vezes há vários anos, especialmente nas suas ilhas, onde os campos de migrantes estão sobrelotados e as condições de vida são insalubres.

Mais de 38.000 migrantes vivem em acampamentos nas ilhas de Lesbos, Chios, Samos, Leros e Kos, embora essas instalações tenham sido planeadas para acolher apenas 6.200 pessoas.

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