Num encontro, esta quarta-feira, com membros do Plano Nacional de Parto Humanizado e Lactância Materna, o presidente Nicolás Maduro entusiasmou-se depois de felicitar uma grávida que estava, precisamente, à espera do seu sexto filho e, ao seu estilo, improvisou um discurso, (transmitido em direto para a cadeia de televisão estatal Venezolana de Televisión), que culminou com um apelo às venezuelanas que tivessem pelo menos seis filhos para que o país pudesse crescer: “¡A parir pues, a parir! Todas las mujeres, a tener seis hijos, ¡todas! Que crezca la patria”.

O líder realçou, ainda, o trabalho e o esforço das mulheres que “trazem crianças ao mundo” e reconheceu que uma das coisas mais importantes da Venezuela são as mulheres grávidas. “Eu já disse mil e uma vezes para convertermos estes cursos em programas de televisão e nas redes sociais para um acesso maciço das famílias. Insisto nesta ideia porque não sabemos utilizar os media para massificar a nossa filosofia humanista”.

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O discurso despertou de imediato duras críticas por parte das venezuelanas que estão a braços com uma crise económica sem precedentes. A jornalista Gabriela González não perdeu tempo e, na sua conta de twitter, acusou Maduro de “não ter um projeto para prevenir a gravidez na adolescência ou o abandono escolar. Muito menos medidas para contrariar os índices de desnutrição infantil”. Na sua conta pessoal, González acusou-o de ser responsável pelo êxodo de quase cinco milhões de venezuelanos, segundo dados da ONU, que foram obrigados a abandonar o país para escaparem à crise económica e humanitária em que a Venezuela está mergulhada, e muitos não tiveram outra hipótese senão “deixar para trás mais de um  milhão de crianças que estão, atualmente, à guarda dos avós ou familiares”.

A taxa de natalidade na Venezuela é, atualmente, uma das mais altas do mundo, com uma média de 2,4 filhos por mulher. Em 2012, durante a campanha eleitoral, o ex-presidente Hugo Chávez, falecido a 5 de março de 2013, ofereceu um aumento no abono de família às mulheres que tivessem mais de quatro filhos.