O Movimento Marcha Lenta do IC2 espera uma forte adesão ao protesto que agendou para a manhã de sexta-feira no troço desta via que atravessa os concelhos de Alcobaça (Leiria), Rio Maior (Santarém) e Azambuja (Lisboa).

José Belo, porta-voz do movimento, disse hoje à Lusa que se espera que a marcha lenta agendada para sexta-feira seja “quatro a cinco vezes maior” do que a realizada em julho último, porque as pessoas “estão fartas” e determinadas a, se for preciso, avançar com protestos “todos os meses”.

“São 20 quilómetros de uma autêntica armadilha”, disse, salientando a perigosidade de circular neste troço do Itinerário Complementar (IC) 2, patente na média de oito mortes por ano, nos acidentes que se registam todas as semanas e nas ocorrências diárias de danos provocados em viaturas pelo mau estado da estrada.

Para o porta-voz do movimento, “é vergonhoso” que a Infraestruturas de Portugal se apresse a anunciar o lançamento do concurso público para a empreitada de requalificação deste troço do IC2 sempre que são anunciadas ações de protesto, lamentando que nas vésperas do protesto de julho tenha sido feito “um telefonema a pedir para não avançar a marcha lenta” porque o concurso seria lançado até ao final do ano e as obras arrancariam no primeiro trimestre de 2020.

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Anunciado desde outubro de 2015, o concurso não chegou a ser lançado, voltando a ser anunciado pela IP num comunicado emitido no passado dia 19 de fevereiro.

“Somos governados por pessoas mentirosas”, disse José Belo, considerando “vergonhoso” que a IP anuncie repetidamente a mesma obra sempre que é anunciado um protesto e lamentando que o ministro das Infraestruturas tenha revelado desconhecer a situação desta estrada quando foi confrontado no parlamento pela deputada do PSD eleita por Santarém Isaura Morais (ex-presidente da Câmara de Rio Maior).

Há uma revolta enorme. Esta estrada é uma ameaça. É muito grave que sejam entregues milhares de milhões de euros para a banca e as PPP e quando pedimos migalhas para poupar vidas, que são quem paga impostos, não tenham um pingo de vergonha”, declarou.

A marcha partirá às 10h de sexta-feira do café Bigodes, na Benedita (concelho de Alcobaça), em direção à rotunda de acesso à A1 em Aveiras, regressando ao ponto de partida, para onde está prometida uma refeição oferecida por empresários da região.

José Belo referiu o facto de a Benedita ser “a vila mais industrializada do distrito de Leiria”, com os empresários a sentirem diariamente os condicionamentos colocados pelo estado do IC2 e pela ausência de alternativas.

A IP deliberou em outubro de 2015 proceder ao lançamento do procedimento pré-contratual necessário à contratação da empreitada denominada “IC2/EN1 – Beneficiação entre Asseiceira (KM 65+200) e Freires (KM 85+500)”, pelo valor de 7,5 milhões de euros, que, na altura, faseou pelos anos de 2016 (1,15 milhões de euros) e 2017 (6,35 milhões de euros).

O lançamento do concurso voltou a estar previsto até ao final de 2018, com previsão do início da empreitada no segundo semestre de 2019, “condicionado, todavia, à obtenção da autorização de encargos plurianuais, solicitada em agosto”, como admitiu a empresa na resposta a uma questão do município de Rio Maior.

Em julho último, nas vésperas do protesto, a IP afirmou estar previsto o lançamento do concurso público da empreitada de beneficiação do troço do IC2 entre Asseiceira (Rio Maior) e Freires (Benedita) ainda durante o ano de 2019.

No passado dia 19 de fevereiro, a IP anunciou para este mês o lançamento do concurso público para a empreitada de requalificação do IC2/EN1 entre o nó da Asseiceira (Rio Maior) e a zona urbana de Freires (Alcobaça), no valor de 7,5 milhões de euros e um prazo de execução de 450 dias.

Em comunicado, a Infraestruturas de Portugal afirmou que a intervenção vai abranger um troço com uma extensão total de 20,3 quilómetros, entre o quilómetro 65,2, e o quilómetro 85,5, que atravessa os concelhos de Rio Maior e Alcobaça, nos distritos de Santarém e Leiria, respetivamente.

A empresa tem afirmado que, enquanto a empreitada não avança, tem vindo “a promover a realização de trabalhos pontuais de conservação do pavimento no âmbito do Contrato de Conservação Corrente, de forma a mitigar os problemas de sinistralidade que ali se têm registado”.