“‘Bora Lá”

A nova longa-metragem de animação da Pixar, passada num mundo em muitos aspetos semelhante ao nosso, só que povoado por criaturas do universo da fantasia e da mitologia, e onde a tecnologia substituiu e fez esquecer a magia e a aventura épica, remete para o tempo em que os jogos de vídeo ainda não tinham a força e a sofisticação de hoje, e os jogos de tabuleiro como “Dungeons & Dragons” eram popularíssimos. Realizado e co-escrito por Don Scanlon, que foi beber às suas próprias recordações familiares, “‘Bora Lá” fala da dolorosa ausência do pai e celebra o amor e a cumplicidade fraternal, os jogos clássicos de fantasia, os mundos criados pela imaginação e o espírito de aventura. Não é Pixar da primeira divisão, mas é divertido, está bem feito, limpo de pieguice e despertará uma pontinha de nostalgia em quem de direito.

“Mosquito”

Um jovem e ingénuo soldado português (João Nunes Monteiro), incluído no contingente que vai combater os alemães em Moçambique, em 1917, durante a I Guerra Mundial, apanha malária e fica para trás. Quando vai tentar juntar-se aos camaradas, perde-se na selva e envolve-se numa série de peripécias, desde ficar prisioneiro numa aldeia nativa onde só há mulheres e crianças, até capturar um desertor inimigo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

João Nuno Pinto, realizador de “Mosquito”: “O que se passou em África foi outro Holocausto, executado por impérios europeus da altura”

“Mosquito” é a segunda longa-metragem de João Nuno Pinto, uma produção luso-franco-brasileiro-moçambicana estereotipadamente anti-militar (são todos boçais ou brutais, como é hábito infantil no cinema português) e demasiado longa para aquilo que tem para contar, algures entre o filme de aventuras e de iniciação à maturidade em cenário exótico, e um “No Coração das Trevas” em versão “light” lusa e com entrelinhas anti-colonialistas.

“Para Sama”

Neste documentário que esteve nomeado ao Óscar da categoria, Waad Al-Kateab uma jovem universitária síria, casada com um médico de Alepo, registou, com a sua câmara digital, cinco anos do cerco, dos combates e da vida quotidiana da sua família, dos amigos e vizinhos, e do hospital montado pelo marido, e alguns colegas e voluntários, naquela cidade dividida e debaixo de fogo. O filme é dedicado à filha da realizadora, Sama, nascida durante a guerra. Waad, que vive agora com a família em Inglaterra, teve a ajuda, na montagem, do jornalista e documentarista inglês Edward Watts, da estação Channel 4, referindo-o também como co-realizador. “Para Sama” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.