Um estudante do Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra, que não quer ser identificado, foi diagnosticado com meningite bacteriana, uma doença infecciosa causada pela bactéria Neisseria meningitidis, que ataca as membranas que protegem o cérebro e a medula espinal. O anúncio foi feito pela própria instituição através das redes sociais e confirmado pelo próprio jovem à Rádio Observador.

Na publicação feita esta quinta-feira, a universidade aconselha quem tenha participado na palestra e na inauguração do “Typomania Festival” — uma exposição de pósteres da autoria de designers de referência mundial a que este aluno assistiu — a tomar um comprimido de Ciprofloxacina 500 mg até sexta-feira “o mais tardar”. Segundo acrescenta o Diário de Notícias, apesar de só terem estado em contacto com ele 200 pessoas, entre colegas e familiares, mais de 500 quiseram tomar o medicamento preventivo.

Em conversa telefónica com a Rádio Observador, o jovem estudante do segundo ano de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra afirmou que lhe foram feitos testes para o Covid-19 mas que deram negativo, tendo os médicos explicado que o diagnóstico era mesmo meningite. O jovem está em isolamento no hospital, recebendo apenas visitas da família mais próxima, que podem entrar no quarto desde que devidamente equipados com máscaras de proteção. Os sintomas que teve foram sobretudo dores de cabeça fortes, sendo que o isolamento deve durar ainda até segunda-feira.

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Em entrevista à Rádio Observador, Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra, explica que esse medicamento está a ser disponibilizado gratuitamente pela escola. O período para tomar o medicamento termina esta sexta-feira, quatro dias depois do festival, porque esse é o tempo médio de incubação da bactéria. Toda a comunidade académica recebeu um e-mail com essa informação.

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Segundo Amílcar Falcão, a infeção deste aluno foi detetada por causa do nível de alerta em que a universidade está à conta do coronavírus: “Quando o estudante começou a apresentar sintomas que podiam ser do coronavírus, fez-se longo uma abordagem diferente e foi conduzido imediatamente para os hospitais”. Não tinha coronavírus, mas sim meningite bacteriana, uma patologia sazonal, que “todos os anos aparece e normalmente aparecem surtos porque se trata de uma situação bastante contagiosa, mas que numa fase inicial é confundida com uma gripe normal”, explicou o reitor.

Esse remédio é feito à base de cloridrato de ciprofloxacino, um químico que bloqueia as enzimas da bactéria, o que trava o metabolismo da bactéria e a sua capacidade de reprodução, matando o agente patogénico. A mesma publicação afirma que “não há razão para pânico” porque “a toma do medicamento anula o risco de doença”, informou a Universidade de Coimbra, partilhando depois o contacto do delegado de saúde de Coimbra, para esclarecimento de dúvidas.

De acordo com a página oficial do Serviço Nacional de Saúde, a meningite transmite-se através do contacto direto com gotículas e secreções nasais libertadas com a tosse, espirros, beijos e proximidade física. O período de contágio persiste até que a bactéria desapareça da zona superior da faringe. Iniciados os tratamentos, o contágio deixa de existir em 24 horas.

O período de incubação desta doença ocorre entre um a 10 dias após a infeção, mas em geral não ultrapassa os quatro dias. A meningite bacteriana pode provocar febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vómitos, irritabilidade, confusão mental, estado de cansaço extremo, agitação psicomotora, rigidez da nuca, erupções da pele e choro agudo.