No Reino Unido várias escolas encerraram temporariamente devido ao receio de que os alunos e funcionários possam ter sido expostos ao novo coronavírus após o regresso de viagens ao estrangeiro durante as férias intercalares de fevereiro, frequentemente aproveitas para a prática de esqui. No entanto, nem as autoridades oficiais responsáveis pela saúde nem o governo britânico emitiram orientações às escolas nesse sentido para conter a propagação do vírus.
O ministro da Saúde, Matt Hancock, afirmou no parlamento na quarta-feira, que não há planos para um “encerramento geral” para as escolas e que “o objetivo é manter as escolas abertas”. Depois de um aumento em mais de 50% dos casos positivos de Covid-19 no espaço de dois dias, para 115 confirmados na quinta-feira, o governo britânico está a preparar passar à segunda fase do Plano de Ação, Retardamento, que pode implicar o encerramento de escolas.
Em Rotherham, no norte de Inglaterra, a escola primária Monkwood, em Rawmarch, decidiu manter-se em funcionamento, apesar de um aluno estar em isolamento porque um dos pais foi infetado. Ainda assim, alguns pais decidiram remover os filhos da escola, noticiou a imprensa local, por receio de contágio. Esta medida pode ser acompanhada pelo apelo às empresas e serviços públicos para um incentivo ao teletrabalho, refere o Plano do governo, mas o documento tornado público não detalha medidas de apoio aos pais.
https://observador.pt/2020/03/06/coreia-do-sul-regista-518-novos-casos-de-coronavirus-em-24-horas-surto-ja-fez-3383-mortos/
O que o governo britânico determinou é que o subsídio de doença deve ser pago a partir do primeiro em que os trabalhadores infetados com o novo coronavírus Covid-19 tenham de se auto isolar, em vez de esperar pelo quinto dia de ausência.
Governo francês não pensa, para já, fechar todas as escolas: “Seremos capazes de o fazer, mas não está previsto”
Ao contrário de Itália, o Governo francês não pensa, para já, fechar todas as creches, escolas ou universidades, embora em caso de agravamento da epidemia de Covid-19 esteja pronto para o fazer.
“Seremos capazes de o fazer, mas não está previsto”, respondeu esta quinta-feira o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, no canal BFMTV quando questionado sobre o fecho generalizado das escolas.
Atualmente, apenas estão fechadas cerca de uma centena de escolas nas regiões onde foram detetados surtos endémicos (Vale de l’Oise e Morbihan) afetando cerca de 45 mil alunos. Em casos pontuais, outras escolas também fecharam, mas são casos isolados e espalhados um pouco por todo o país.
Em declarações à Franceinfo, William Dab, antigo diretor-geral da Saúde em França, afirmou que não faria sentido fechar todas as escolas. “Fechar todas as escolas, hoje, em França, não faz qualquer sentido e só desestabilizaria a vida do país”, referiu, salvaguardando que isto não significa que no futuro a medida não venha a fazer sentido.
Para os alunos que ficam em casa, o trabalho da escola não acaba. A educação em França já recorre a plataformas digitais e o que tem vindo a acontecer é um reforço da comunicação através dessas mesmas plataformas entre alunos e professores. Também o ensino à distância foi reforçado e pode ser alargado a todo o território nacional caso haja necessidade.
“Neste momento, em Espanha não estamos a contemplar este cenário”
O Governo espanhol considera que, por enquanto, não é necessário tomar medidas mais radicais, como o encerramento de escolas decidido em países como a Itália, para conter a expansão do novo coronavírus. O ministro da Saúde, Salvador Illa, disse esta sexta-feira em Bruxelas que a Espanha está “preparada para enfrentar” cenários como o italiano, mas acrescentou que, por enquanto, esta situação não existe.
“Neste momento, em Espanha não estamos a contemplar este cenário, mas também não podemos excluí-lo”, respondeu o ministro a uma pergunta sobre a possibilidade de haver “outras Itálias” na Europa.
Illa insistiu que a Espanha está “em fase de contenção” e que, com exceção de uma vintena de casos, em relação a todos os outros sabe-se como o vírus foi transmitido, havendo no país mais de 300 infetados e cinco vítimas mortais.
No Estado norte-americano da Califórnia foi decretado nesta quarta-feira o estado de emergência, depois do registo de 50 casos de infeção e uma morte. Após a declaração do governador Gavin Newsom, o Departamento de Educação da Califórnia (CDE) manteve a posição de que o risco de contágio para a população é baixo e confirmou à Lusa que “não há registo de encerramentos de escolas públicas” devido ao novo coronavírus.
O gabinete do CDE referiu, no entanto, que “várias escolas privadas”, que não estão dependentes do organismo, encerraram por precaução. A Healdsburg School no condado de Sonoma e a Menlo School no condado de San Mateo são duas das que fecharam, num número ainda muito reduzido de encerramentos de curta duração no Estado.
O CDE não tem autoridade para ordenar a suspensão das aulas, sendo que as decisões são tomadas pelas agências de saúde e distritos escolares de cada condado. Estes estão a ser aconselhados pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) a seguirem um guia interino que faz recomendações diferentes para as escolas em comunidades onde ainda não foram registados doentes com Covid-19 e aquelas onde isso já aconteceu.
Dezoito estados norte-americanos têm infeções confirmadas e Washington regista a maior mortalidade, com 70 pacientes infetados e onze mortos. O governador Jay Inslee proclamou o estado de emergência e muitas escolas encerraram, com o distrito escolar de Nortshore (área metropolitana de Seattle) a fechar todas as escolas durante as próximas duas semanas.
Em Nova Iorque, onde o número de casos confirmados duplicou para 22 esta quinta-feira, os distritos escolares de Mount Vernon e Hastings-on-Hudson encerraram as escolas até à próxima semana e há mais de 2700 pessoas em quarentena. No Oregon, o governo reportou o encerramento da escola primária Forest Hills por alguns dias e a sua reabertura na quinta-feira.
O CDC recomenda a implementação de medidas rigorosas de higienização e a preparação de planos de contingência para aulas ‘online’, no caso de ser necessário fechar as escolas. Todavia, muitos distritos escolares dizem não ter meios para o fazer. Foi o que indicou o distrito unificado de Pasadena Sul num comunicado enviado quarta-feira:
Tal como a maioria dos distritos escolares, o SPUSD não tem a infraestrutura ou recursos humanos para suportar um programa de ensino em casa de qualidade ou ambiente de ensino à distância para todos os alunos”.
Em muitos distritos escolares, em especial nas zonas rurais, há uma porção significativa de alunos sem computadores ou internet em casa, o que invalida a implementação de ensino ‘online’. A suspensão das aulas também deixaria muitos alunos com situações familiares precárias sem acesso a refeições gratuitas ou a preço reduzido, garantidas pelas escolas. É o caso de metade dos alunos em Baltimore, Maryland.
O encerramento de escolas provocaria ainda grandes dificuldades para os pais dos alunos num país onde a rede de apoios é fraca e muitos trabalhadores não têm direito a baixa médica nem férias pagas, podendo colocar em risco os seus empregos.
China. Novo normal é ensino à distância
Na China, epicentro do novo coronavírus, o encerramento de escola, entre outros espaços públicos, foi decido pelas autoridades e o novo normal é agora o ensino à distância, aproveitando as possibilidades da Internet.
O ensino é uma das principais ocupações para expatriados na China, mas milhares de professores estrangeiros foram aconselhados, no mês passado, pelas respetivas universidades e escolas, a voltarem aos seus países, numa altura de dúvidas face à propagação do novo coronavírus.
O número de pessoas infetadas pelo novo coronavírus em todo o mundo aumentou para 98.123, das quais morreram 3.385, segundo um balanço feito pela agência noticiosa France-Presse (AFP), com dados atualizados às 9h00 desta sexta-feira. Relativamente às estatísticas mais recentes do Covid-19, a AFP, citando fontes oficiais, diz que, no total, foram registadas 613 novas contaminações e 39 mortes desde o último balanço, às 17:00 de quinta-feira.
A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no final de dezembro, teve 80.552 casos, incluindo 3.042 mortes. Entre as 17:00 de quinta-feira e as 9h00 desta sexta-feira foram anunciadas 143 novas infeções e 30 novas mortes no país.
Depois da China, o país mais afetado pela epidemia, surgem a Coreia do Sul (6.284 casos, incluindo 196 novos, 42 mortes), Itália (3.858 casos, 148 mortes), Irão (3.513 casos, 107 mortes) e França (423 casos, incluindo 46 novos, sete óbitos).