Foi até lá à frente, aproveitou uma segunda bola perdida na área, viu Nakajima fazer o passe atrasado naquela que seria a sua primeira assistência na Liga, colocou o pé de lado para aumentar a precisão e marcou o primeiro golo na Liga. Mbemba, que há muito procurava esse momento de glória, foi tão saudado pelos companheiros que até o puxaram para ele fazer uma espécie de dança individual para as bancadas. O FC Porto inaugurava o marcador de bola parada mas nem por isso deixa de ter nota artística, como dissera na véspera Sérgio Conceição.

Marega queria os 12 pontos do festival mas a canção saiu desafinada (a crónica do FC Porto-Rio Ave)

“Depois de estarmos a ganhar 2-0, a nota artística conta sempre. Os treinadores num momento são idolatrados, noutros são os piores. Se a bola bate no poste e entra é o maior, se bate no poste e sai a opinião é diferente. Temos de estar habituados a essa forma de estar. Jogar bem, para mim, está muito associado ao resultado. A ambição e a determinação dos jogadores nos Açores, num jogo complicado com o Santa Clara, é de salientar. Tivemos personalidade e isso é essencial. A nota artística, para mim, é a forma como o Sérgio Oliveira bateu o livre e o Marcano cabeceou, ou a forma como fizemos o primeiro golo”, comentou na antevisão do jogo com o Rio Ave.

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Mbemba estreou-se a marcar no Campeonato, naquele que foi o terceiro golo da temporada, e tudo começou num canto. Mais uma vez. Ao todo, em 50 golos apontados na prova, 20 surgiram na sequência de lances de bola parada, entre cantos, livres frontais ou laterais ou grande penalidades. Ou seja, 40%. No entanto, e por causa de um golo de Taremi e de outro anulado na parte final a Marega por posição irregular inicial de Soares por meros três centímetros (após seis minutos de espera), as bolas paradas e corridas foram insuficientes para evitar o empate caseiro frente ao Rio Ave, naqueles que foram os primeiros pontos perdidos pelos dragões na segunda volta – naquele que foi o quinto jogo do conjunto de Vila do Conde sem perder fora com os azuis e brancos.

Já depois de um final de encontro mais exaltado, onde foi chamado à atenção por Artur Soares Dias na zona técnica aparentemente por ter esbracejado devido à demora na reposição de uma bola pelo Rio Ave, o treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, mandou ainda algumas “bocas” ao árbitro no final da partida e manteve essa crítica na zona de entrevistas rápidas da SportTV, recordando ainda o jogo em Vila do Conde do ano passado.

“Fizemos um golo que foi anulado por três centímetros mas temos de aceitar, a favor ou contra, a partir do momento em que põem estas linhas mas nem sei o que dizer… Tivemos mais do que oportunidades para ganhar o jogo, inclusivamente um penálti do tamanho da Torre dos Clérigos e que não foi marcado. Mas podem contar connosco, nós fizemos um bom jogo”, começou por referir o técnico dos azuis e brancos.

“Tivemos uma atitude fantástica embora com mais coração do que com a cabeça nos descontos frente a um Rio Ave bem organizado, que mudou a sua estrutura habitual até pela ausência dos médios, do Diego Lopes e do Filipe Augusto, e por isso é que apostámos em Nakajima nas costas do Soares para fugir a esses três centrais que já prevíamos. Fomos superiores em tudo mas mais uma vez, e eu tenho essa noção porque ando aqui há muitos anos no futebol, é cada vez mais difícil ganhar”, prosseguiu Sérgio Conceição, antes de pormenorizar.

“Em relação a tudo. A minha opinião é que existe um penálti de todo o tamanho mas não me estou a justificar com isso, podíamos ter sido mais eficazes noutras situações. Fica mais difícil sempre que se caminha para o final, já no ano passado em Vila do Conde houve dois penáltis também não assinalados por coincidência pelo mesmo árbitro que eu considero o melhor árbitro português. Atenção, que eu considero o melhor árbitro português mas que tem sido infeliz connosco. Mas não me quero desculpar com a arbitragem, o jogo foi o que foi. Fomos superiores, podíamos ter ganho, podíamos ter sido mais eficazes.”, salientou, antes de concluiu admitindo que a substituição de Aboubakar por Soares foi feita numa altura em que pensava estar 2-1 no resultado.

“Tinha a certeza que tinha sido golo, depois disseram que podia haver ali qualquer coisa mas o Aboubakar já estava lá dentro. Depois lançámos o Fábio [Silva], fizemos de tudo, por fora, por dentro, situações de cruzamento, remates à baliza mas saímos de cabeça levantada, com um grupo fantástico, estamos com um espírito muito forte e estamos na luta até à última gota”, concluiu na flash interview. Já na conferência de imprensa, o treinador dos dragões manteve a tónica na arbitragem, como se percebeu logo na primeira pergunta feita pelos jornalistas presentes e a lacónica resposta de Sérgio Conceição.

– Há aquele lance de Marega na área do Rio Ave na segunda, uma possível grande penalidade que ficou por marcar. Artur Soares Dias teve influência no resultado? 
– Teve.
(e seguiu-se um silêncio até Rui Cerqueira, responsável pela comunicação, pedir a próxima questão)