As obras de manutenção da Ponte 25 de Abril, que liga Lisboa a Almada, deverão estar concluídas no segundo semestre de 2021, depois de algumas dificuldades iniciais ao nível técnico, revelou este sábado a Infraestruturas de Portugal (IP).

No sentido de minimizar as eventuais perturbações no tráfego e correspondendo às soluções técnicas de execução já estabilizadas, foi alterado o faseamento dos trabalhos, prevendo-se a conclusão da obra para o segundo semestre de 2021″, adiantou a IP, em comunicado enviado à agência Lusa.

A empresa indicou que, após superar as “dificuldades iniciais, nomeadamente quanto ao tipo de soluções técnicas previstas no projeto”, cabe “ao consórcio empreiteiro a recuperação do ritmo dos trabalhos e a apresentação de um plano modificado, com um novo prazo de conclusão, se tal se justificar”.

Com um valor estimado de 12,6 milhões de euros, as obras de reparação e conservação da Ponte 25 de Abril começaram formalmente em 19 de dezembro de 2018 e tinham conclusão prevista para o final do ano de 2020.

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De acordo com a IP, apesar do adiamento, não está em discussão o aumento do custo da obra.

A IP informa que se mantém válido o montante contratualizado com o empreiteiro”, lê-se na mesma nota.

O adiamento dos prazos iniciais da obra foi avançado pelo revista Visão no final de fevereiro.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, explicou numa audição parlamentar que o atraso da empreitada se devia a “alguns problemas de entendimento técnico entra a IP e o consórcio que ganhou o consórcio de obra”.

“As obras estão atrasadas porque foi criado um grupo de trabalho, que também envolve o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Verifica-se um atraso de mais seis ou sete meses”, referiu o governante em 19 de fevereiro.

Segundo o ministro, este desentendimento deve-se às construtoras que, “para segurar concursos, apresentavam propostas muito baixas, o que levanta problemas de execução de obra”.

Em declarações à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Alberto Mineiro Aires, considerou que o “planeamento falhou” e que “o atraso vai remeter a incómodos associados ao trânsito”.

Foi anunciada uma programação muito bem feita, que tinha paragens em determinadas noites da semana coincidentes com operações e intervenções, essas paragens subitamente deixaram de existir, o que quer dizer que alguma coisa se estava a passar”, alertou o engenheiro.

Para Carlos Alberto Mineiro Aires, é mau que a calendarização não esteja a ser cumprida e que a obra precisa de ser feita, adiantando que a infraestrutura será sempre intervencionada.

“A Ponte 25 de Abril é metálica, nunca vai deixar de estar em obras. É uma ponte constantemente observada e monitorizada. Há umas intervenções que são do quotidiano, todos os dias hão de ser feitas”, sublinhou.

O bastonário criticou a Infraestruturas de Portugal por falta de informação sobre a empreitada, que, segundo o mesmo, “é do maior interesse”.

“[…] Não há informação disponível no site da Infraestruturas de Portugal em relação a esta matéria. Não há informação disponível para os contribuintes sobre as obras que estão em curso, sobre a calendarização, sobre os investimentos, se está a ser cumprido ou não”, concluiu.

Consciente da importância da Ponte 25 de Abril, a IP assegurou que procura garantir que a execução dos trabalhos decorra com a menor perturbação possível no tráfego rodo e ferroviário.

O comportamento estrutural da Ponte 25 de Abril tem sido monitorizado e acompanhado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e pelo Instituto de Soldadura e Qualidade e pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (ISQ), assegurando condições de segurança aos milhares de utilizadores que diariamente circulam naquela infraestrutura, segundo a IP.