Um juiz paraguaio emitiu nova ordem de detenção ao antigo jogador brasileiro Ronaldinho Gaúcho e o Ministério Público paraguaio pediu que fosse decretada prisão preventiva, na sequência da adulteração de passaportes e de falsificação de documentos.

Tanto Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão Ronaldo tinham sido anteriormente notificados de que podiam regressar ao Brasil, pelo facto de terem colaborado com informação à investigação.

Só que, na sexta-feira, por um pedido do Ministério Público paraguaio, o juiz do processo, Mirko Valinotti, mudou de opinião e emitiu uma ordem de detenção. Ronaldinho Gaúcho, e o seu irmão Ronaldo foram levados à Agrupação Especializada da Polícia Nacional do Paraguai.

A ordem de detenção na noite desta sexta-feira foi um duro revés para os irmãos e implicou uma reviravolta na investigação sobre a adulteração de passaportes e de falsificação de documentos. A Polícia Nacional paraguaia deteve-os no hotel Sheraton de Assunção.

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Na quinta-feira, o procurador do processo tinha livrado os irmãos de um indiciamento por terem colaborado com a investigação com informações relevantes para a causa.

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Assim, Ronaldinho e o seu irmão deixaram a Procuradoria contra o Crime Organizado do Paraguai depois de deporem durante oito horas, explicando a razão de terem usado documentos falsos para entrar no país. A Polícia havia encontrado horas antes passaportes adulterados e documentos de identidade paraguaios falsos.

Os irmãos alegaram “terem sido enganados” e que receberam os documentos através do empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira. Este, por sua vez, argumentou ter recebido os documentos apócrifos de duas mulheres paraguaias a quem pertenceriam os passaportes, cujos nomes, posteriormente, foram adulterados para os nomes dos irmãos Assis Moreira. Já os documentos de identidade são totalmente falsos.

Tanto Ronaldinho quanto o seu irmão nunca deram entrada em nenhuma gestão para obterem nacionalidade paraguaia”, sublinhou o procurador Federico Delfino. Como os dois colaboraram com “dados relevantes para a investigação”, deveriam ter uma “saída processual abreviada” para que o processo fosse encerrado sem necessidade de ir a julgamento, tinha apontado este procurador.

O juiz do processo, Mirko Valinotti, convalidou o entendimento e esclareceu que “Ronaldinho e o seu irmão não tinham nenhum impedimento para deixarem o país” e que “tinham pleno direito de liberdade” já que não havia nenhuma liminar interposta.

No entanto, no final da noite desta sexta-feira no Paraguai, já madrugada em Lisboa, o juiz mudou de opinião depois que a Procuradora Geral do Estado, Sandra Quiñónez, ter suspendido o entendimento do primeiro procurador, Federico Delfino. O juiz, então, emitiu uma ordem para impedir que o antigo jogador de futebol brasileiro deixasse o país com o seu irmão.

A detenção veio por parte de uma procuradora que não tem participação no processo. Isso é estranho. Não sabemos de nada”, disse o advogado de Ronaldinho, Adolfo Marín.

O Ministério Público publicou uma nota na qual indica que “A Procuradoria Geral emitiu uma ordem de prisão, indiciou o jogador Ronaldinho por ‘uso de documento público com conteúdo falso’ e solicita prisão preventiva. Os detidos serão enviados ao Grupo Especializado da Polícia Nacional”.

“Ronaldinho tinha um voo reservado para sair do país na tarde desta sexta-feira, mas, como a declaração perante o juiz atrasou-se, teve de adiar a sua saída do país antes de ser detido”, indicou o presidente da Direção Nacional de Aeronáutica Civil do Paraguai, Edgar Melgarejo.

O ex-craque da seleção brasileira chegou ao Paraguai na quarta-feira para participar na campanha social da Fundação Fraternidade Angelical que dá assistência médica a crianças desfavorecidas. Também viajou para lançar no mercado paraguaio o seu livro “Génio na vida” que conta a sua história.

Porém, ao passar pela migração no aeroporto, não apresentou o passaporte brasileiro nem o documento de identidade brasileiro, que é também um documento aceite pelas autoridades paraguaias. Apresentou sim um passaporte paraguaio que, depois alegou na Justiça, nunca ter solicitado. Foi detido horas depois no hotel, onde a Polícia encontrou os passaportes e documentos de identidade paraguaios.

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O empresário acusado Wilmondes Sousa Lira e as duas paraguaias envolvidas com os passaportes, María Isabel Gayoso e Esperanza Apolonia Caballero, foram presos e indiciados por uso de documentos públicos de conteúdo falso, a mesma acusação agora contra Ronaldinho e seu irmão Roberto.