Decorria o mês de março de 2018 quando se soube que a lisboeta Camisaria Pitta fecharia portas em maio do mesmo ano. À semelhança de muitos outros espaços históricos da capital, a casa que se dedicava à roupa feita por medida desde o início do século XIX, acabaria mesmo por encerrar — reabrindo, entretanto, em nova morada, no Areeiro. Esta segunda-feira, quase dois anos depois, soube-se através de comunicado oficial que o novo inquilino deste espaço na Rua Augusta é mais uma casa da famosa marca de pasteis de nata “Manteigaria”.

Inaugurada por A.M. Pitta em 1887, na rua de São Julião (só passou para o endereço na rua Augusta em 1903), esta que era a camisaria mais antiga da Península Ibérica foi feita à imagem das famosas casas britânicas de Saville Row, por exemplo. Vestiu a realeza, desde cedo, e viria a servir ainda vários corpos diplomáticos, presidentes e outras elites da capital. No filme Leão da Estrela (1947), por exemplo, António Silva até invoca o estabelecimento em tom elogioso ao falar de outra personagem: “São camisas de qualidade, são Pitta!”

Segundo o novo inquilino deste espaço que mora nos números 195-197 da artéria principal da Baixa de Lisboa, o negócio que agora aqui mora “respeita e recupera a fachada histórica e interior, nomeadamente devolvendo o chão original em mármore lioz rosa, com o nome da loja inscrito.” Este que é o quinto espaço da Manteigaria — considerada por muitos como os autores do melhor pastel de nata da cidade — também tem uma zona de fábrica, visível para todos os curiosos, vende os famosos doces, cafés e pouco mais. Reforça sempre, também, o cariz de todo o processo de fabrico, “feito com a paixão, arte e mestria dos pasteleiros, num processo 100% artesanal.”

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