O ministro da Defesa Nacional admitiu esta terça-feira diminuir a presença de militares portugueses no Afeganistão, acompanhando uma redução das forças dos EUA e da NATO, mas não avançou qualquer prazo.
O cenário foi admitido por João Gomes Cravinho durante uma audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional, na Assembleia da República, em Lisboa, que citou uma máxima da NATO, organização ao abrigo da qual os 213 portugueses estão colocados em Cabul – “In together, leave together (“Entramos juntos, saímos juntos”).
À medida que se efetuar uma redução da forças americanas, irá efectuar-se uma redução das forças de outros países, incluindo naturalmente a força portuguesa. Esse trabalho, de identificação de como se vai passar, está em curso”, afirmou o governante, em resposta a uma pergunta de um deputado do PS.
O acordo entre os Estados Unidos e os talibãs, conseguido em finais de fevereiro, contempla a retirada gradual das tropas norte-americanas, que se pode prolongar por alguns meses, e a libertação de cerca de metade dos talibãs que tinham sido feitos prisioneiros pelas forças fiéis ao regime afegão.
Em 21 de fevereiro, a NATO saudou acordo entre Washington e os talibãs que, nas palavras dos secretário-geral, Jens Stoltenberg, abre o caminho para uma “paz duradoura” no Afeganistão.
A organização tem no Afeganistão uma missão de 16 mil homens, incluindo de Portugal, para treinar, apoiar e aconselhar forças afegãs.
Os militares portugueses garantem a segurança do perímetro da base da NATO em Cabul, ocupam postos de vigia na parte norte do aeroporto Hamid Karzai, fazem patrulhas, escoltas a pessoal e material, protegem instalações e pessoal durante situações de risco. Além disso, dão formação e treino a tropas afegãs na escola de operações especiais e de artilharia.
Esta força nacional destacada, a quarta desde o início da missão, está em Cabul desde outubro.
A `Resolute Support Mission´ começou em 2015 no âmbito do combate ao terrorismo, e visa o treino, aconselhamento e apoio às forças militares e de segurança e o fortalecimento das instituições do Afeganistão, contando atualmente com cerca de 16 mil militares de 41 países.
A RSM sucedeu à ISAF (Força Internacional de Apoio à Segurança) na qual Portugal participou com cerca de 3.200 militares em 12 anos. A NATO está presente no Afeganistão com mandato da ONU desde 2003, a pedido dos EUA, na sequência do ataque terrorista naquele país em 11 de setembro de 2001.