As associações de pais querem que o período das férias da Páscoa seja antecipado para que todas as escolas encerrem ao mesmo tempo e o mais rapidamente possível, de forma a conter a propagação do Covid-19. Os dirigentes escolares, no entanto, consideram que essa medida não garante a contenção do vírus. Já o primeiro-ministro, António Costa, diz que essa é uma questão que irá ser levada esta quarta-feira ao Conselho Nacional da Saúde para ser tomada uma decisão.

À rádio Observador, o responsável pela Confederação das Associações de Pais defendeu que o facto de as férias da Páscoa estarem próximas podia ser usado como medida para conter o vírus e não prejudicar o funcionamento escolar. “Estamos a, praticamente, duas semanas das férias da Páscoa. A antecipação seria uma forma de tentar não perder muito do tempo que as escolas precisam para trabalhar, os seus programas e os seus projetos. E, portanto, não havendo uma grande deslocação em termos de período letivo e pausa letiva, julgo que não seria muito inconveniente”, disse Jorge Assunção.

Já ao jornal Público, a Associação Nacional de Dirigentes Escolares, na voz do seu dirigente Manuel Pereira, também tinha apoiado esta ideia. Está previsto que as férias escolares comecem a 28 de março. A ideia seria antecipar esse início, com as aulas a terminarem já esta sexta-feira. “Deste modo, talvez se possa evitar que a infeção se propague nas escolas como cogumelos, que, provavelmente, é o que acontecerá caso permaneçam abertas”, justificou o presidente. Ao mesmo tempo, todas as escolas “ficam em pé de igualdade”, em vez de se estar a fechar uma ou outra, como tem acontecido até agora.

A Associação Nacional de diretores das Escolas Públicas, no entanto, é mais cautelosa e duvida que essa medida possa fazer qualquer diferença. “Eu só acho isso viável e só concordo com essa solução se o Ministério da Saúde disser que isso é uma boa medida”, disse Filinto Lima.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Se calhar, se optarmos por isso, estaremos a adiar um problema, porque daqui por 15 dias, seguramente – e infelizmente também –, o problema vai persistir”, afirmou Filinto Lima à Rádio Renascença, apontando, por outro lado, algumas vantagens, caso seja esta a solução encontrada.

“As aulas que poderão ser perdidas no âmbito da quarentena poderão ser lecionadas quando o ano letivo terminar. Essa poderá ser uma solução, sobretudo para os anos e disciplinas que têm exame – falo do 9.º ano, do 11.º e do 12.º ano”, disse.

Com 41 casos confirmados em Portugal, também o primeiro-ministro, António Costa, falou esta terça-feira na hipótese de a interrupção escolar por altura da Páscoa ser antecipada. No entanto, avisou que “qualquer situação de encerramento das escolas ou antecipar as pausas letivas tem que ser tomada pelos responsáveis de saúde” . “Nós adotamos as medidas que os técnicos considerarem adequadas, não podemos ter cada um a sua opinião”, avisou o governante, lembrando que esta quarta-feira estará reunido o Conselho Nacional de Saúde Pública e que a questão será debatida. “Não é uma matéria política”, lembrou Costa, o que pode justificar o silêncio do Ministério da Educação sobre esta questão até agora.

Várias escolas suspenderam aulas presenciais

São várias as escolas que já optaram por suspender a atividade letiva presencial, com destaque para as universidades de Coimbra e Lisboa que deixam assim milhares de alunos em casa, com recurso a aulas à distância ou outras soluções para mitigar o impacto da suspensão no decorrer do ano letivo. Nos concelhos de Lousada e Felgueiras (Porto), por exemplo, todas as escolas foram fechadas por indicação da Direção-geral da Saúde e a proposta dos diretores da escola pretende tratar “todas as escolas em pé de igualdade”.

A Câmara de Paços de Ferreira também pediu ao Ministério da Educação a interrupção das atividades letivas no concelho, no âmbito das medidas preventivas do novo coronavírus, informou esta terça-feira aquele município do distrito do Porto.

Em comunicado, a Câmara refere que foi enviado um ofício “solicitando a interrupção imediata das aulas, antecipando-se desta forma o período de férias da Páscoa”, medida que resulta do facto de existirem nas escolas do concelho “muitos alunos e professores provenientes de Lousada e Felgueiras”, concelhos vizinhos onde foram encerrados os estabelecimentos de ensino.

A autarquia determinou também o encerramento de vários edifícios municipais, incluindo piscinas, pavilhões, biblioteca e mercado, mantendo-se apenas em funcionamento os Paços do Concelho, como medida preventiva no âmbito do novo coronavírus. A decisão do presidente Humberto Brito, informa a autarquia, abrange a Biblioteca Municipal de Paços de Ferreira, a Casa da Cultura de Freamunde, museu municipal, Centro Interpretativo da Citânia de Sanfins, piscinas de Paços de Ferreira e Freamunde, pavilhões desportivos e mercado municipal.

Aquelas medidas vigorarão, pelo menos, até ao final deste mês, assinalando-se que foram tomadas na sequência de outras decretadas pela Direção Geral da Saúde (DGS) e “dada a proximidade geográfica aos concelhos de Lousada e Felgueiras, onde foram detetados casos positivos. A autarquia apela “a todas as pessoas que adotem e promovam comportamentos serenos e responsáveis, por forma a não colocar em risco a saúde de todos”.

[Siga todas as atualizações sobre o Covid-19 no nosso liveblogue, aqui.]