Apesar de estar em quarentena em casa, o Presidente da República anunciou num comunicado divulgado no site da presidência que apoia as medidas anunciadas esta quarta-feira pelo Governo. A mensagem começa, aliás, com um alerta para o facto de o surto de Covid-19, “agora convertido em pandemia”, poder ser “mais intenso e duradouro do que a própria Organização Mundial de Saúde pensava”, ou seja, “mais grave”. E por isso, escreve, “o esforço de todos e de cada um terá de ser maior”.

Quanto às medidas que foram anunciadas ontem, tidas pelo Governo como “estritamente necessárias e suficientes para esta fase da situação vivida em Portugal”, Marcelo, que tem “acompanhado o processo a par e passo”, não só as apoia como garante que “promulgará ou tomará a iniciativa quanto a todas as medidas que for entendido serem imprescindíveis perante a gravidade da situação”. E esse apoio inclui medidas mais drásticas que tenham de ser tomadas mais tarde “se a situação o impuser”. Ou seja, neste ponto, António Costa estará resguardado pelo Presidente da República.

Para além da questão de saúde pública, Marcelo deixa também avisos quanto ao futuro, pedindo que se cuide “ao mesmo tempo, dos efeitos económicos e sociais, por forma a limitar a quebra no crescimento, no emprego e nos rendimentos das famílias, agora e nos tempos vizinhos”. Para o Presidente, a pandemia de Covid-19 apresenta este “duplo desafio”, num alerta que é deixado ao poder político de um país que já enfrentou “desafios de saúde pública mais graves do que este, com custos muito elevados que temos de evitar desta vez”. Mas também serve de alerta (ou de incentivo) aos portugueses “que, nas horas essenciais, se unem, se disciplinam, resistem, reforçam o seu querer e vencem”, permitindo assim, na leitura presidencial, que o país tenha superado “desafios financeiros, económicos e sociais ainda mais intensos à sua existência como Nação independente e soberana”.

Por isso, Marcelo pede aos portugueses “que continuem mobilizados mas serenos, preocupados mas disciplinados, percebendo que só com paciência e contenção, cumprindo as medidas tomadas, evitando situações de risco e ficando em casa sempre que possível, pensando nos mais vulneráveis, sobretudo nestas próximas semanas, será possível criar condições para moderar e depois travar a pandemia e tratar, em unidades de saúde e em casa, os pacientes”.

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Por fim, uma “palavra de solidariedade” aos “compatriotas internados, tratados em casa, em vigilância ou em quarentena, como ele próprio se encontra” e outra de agradecimento “ao pessoal de saúde, todo ele, a dedicação sem limites, que tem votado, semana após semana”. Marcelo estende ainda os agradecimentos aos “muitos outros profissionais que já exprimiram a sua disponibilidade para colaborarem na missão comum”.

Leia na íntegra a mensagem do Presidente da República:

“O surto de Covid-19, agora convertido em pandemia, sabe-se hoje, pode ser mais intenso e duradouro do que a própria Organização Mundial de Saúde pensava. Basta ver que, no próprio país de origem, passados quatro meses, o processo não se encontra ainda encerrado. Na Europa, os dados recentes revelam não se confirmar que o pico foi atingido e que a desaceleração do processo já se tenha iniciado.

Quer isto dizer que o esforço de todos e de cada um terá de ser maior, para enfrentar uma situação que pode ser mais grave e duradoura do que muitos especialistas diziam no começo do ano. O Governo anunciou ontem as medidas que entendeu estritamente necessárias e suficientes para esta fase da situação vivida em Portugal, na saúde, como na economia, no emprego e nos rendimentos. Mas deixou também claro que, se mais medidas forem exigidas para salvaguardar os Portugueses, não deixará de as tomar.

E, de facto, se a situação o impuser, essas medidas mais reforçadas deverão ser mesmo tomadas. O Presidente da República, que tem acompanhado o processo par e passo, apoia a decisão do Governo, saúda o sentido de Estado dos partidos e parceiros sociais, e promulgará ou tomará a iniciativa quanto a todas as medidas que for entendido serem imprescindíveis perante a gravidade da situação.

Envia uma palavra mais de solidariedade aos compatriotas internados – alguns dos quais conheceu nas últimas semanas -, tratados em casa, em vigilância ou em quarentena, como ele próprio se encontra por entendimento das autoridades sanitárias. Agradece, renovadamente, ao pessoal de saúde, todo ele, a dedicação sem limites, que tem votado, semana após semana, e estende esse agradecimento aos muitos outros profissionais que já exprimiram a sua disponibilidade para colaborarem na missão comum.

Finalmente, pede aos portugueses que continuem mobilizados mas serenos, preocupados mas disciplinados, percebendo que só com paciência e contenção, cumprindo as medidas tomadas, evitando situações de risco e ficando em casa sempre que possível, pensando nos mais vulneráveis, sobretudo nestas próximas semanas, será possível criar condições para moderar e depois travar a pandemia e tratar, em unidades de saúde e em casa, os pacientes.

Tudo, cuidando, ao mesmo tempo, dos efeitos económicos e sociais, por forma a limitar a quebra no crescimento, no emprego e nos rendimentos das famílias, agora e nos tempos vizinhos. Isto, porque nos encontramos perante um duplo desafio: de saúde pública e económico e social. Portugal já enfrentou, ao longo da sua História, desafios de saúde pública mais graves do que este. Basta pensar na gripe pneumónica de há cem anos, com várias ondas de propagação, e que foi travada sem os meios e os recursos de hoje. Mas com custos muito elevados que temos de evitar desta vez.

Portugal já enfrentou desafios financeiros, económicos e sociais ainda mais intensos à sua existência como Nação independente e soberana, e ultrapassou todos eles. Tudo por causa da sabedoria e da experiência dos Portugueses, que, nas horas essenciais, se unem, se disciplinam, resistem, reforçam o seu querer e vencem. Assim será, também, desta vez”.