As cheias de sexta-feira à noite na zona central e leste da capital timorense causaram um morto e dois desaparecidos segundo a informação mais recente disponível, balanço que pode ainda mudar, disse hoje o primeiro-ministro.

“A última informação é de um morto e dois desaparecidos. Mas vamos esperar para ter essa informação atualizada”, disse à Lusa Taur Matan Ruak. O chefe do Governo – que falava à Lusa depois de participar na conferência nacional da Fretilin, maior partido no parlamento e atualmente na oposição – disse que foi criada uma comissão interministerial para acompanhar a situação.

Em curso, disse, estão já atos de limpeza e de reparação de danos causados pelas cheias bem como de apoio às famílias afetadas. “Quero expressar condolências as famílias das vítimas, e manifestar solidariedade à nossa população e garantir que estamos a fazer todo o esforço necessário para ultrapassar a situação”, explicou.

Questionado sobre eventuais apoios a empresas e famílias afetadas, Taur Matan Ruak disse que “não é fácil com duodécimos”, regime com que o vive o país desde janeiro depois do chumbo à proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE). “Mas é uma questão que temos que ver”, explicou.

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Um primeiro relatório da Proteção Civil timorense, a que a Lusa teve acesso, explica que o morto confirmado é um jovem de 16 anos de Becora, que morreu afogado, não detalhando informação sobre os desaparecidos. O mesmo texto refere que quatro pessoas feridas foram levadas para o Hospital Nacional Guido Valadares.

As cheias afetaram vários pontos da cidade com destaque para os ‘sucos’ (equivalente a freguesias) Becora, Bidau Moaklaran, Bairro Pité e Santa Cruz, com muitas casas afetadas e cheias em várias instituições. Além de graves danos à Escola Portuguesa de Díli e à Escola 05 de Maio, as cheias provocaram inundações graves no Palácio da Presidência, no Ministério da Solidariedade Social e no edifício da Rádio e Televisão de Timor-Leste, entre outros.

Elementos da Proteção Civil, Corpo de Bombeiros de Díli e vários elementos de outras Direções Nacionais, com destaque para a Direção Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (DNGRD), estiveram nos locais a dar apoio.

“A Secretaria de Estado da Proteção Civil procurou em todas as situações, reforçar e os meios, mas as situações foram muitas e em muitos locais distanciados e de difícil acesso, procurando-se por todos os meios socorrer as populações e apoiar a recuperação das suas casas e bens”, refere o documento.

Ainda na noite de sexta-feira foram estabelecidos três locais para acolherem as mais de 200 pessoas de quase 40 famílias desalojadas e hoje decorreu já um encontro com várias agências, nacionais e internacionais, incluindo das Nações Unidas, para fortalecer o apoio.

As equipas de resgaste da Proteção Civil continuam a procurar por possíveis vítimas e equipas da Proteção Civil estão a apoiar a lavagem do Palácio do Presidente da República, casas de famílias, estradas, caminhos e várias instalações.

O setor privado e a comunidade chinesa em particular, além de apoios particulares, têm permitido fornecer água, comida e outros bens. Entre outros aspetos, o documento refere que o Ministério das Obras Públicas está a coordenar “a limpeza e desobstrução de estradas, maioritariamente junto às três grandes Ribeiras que transbordaram”.

“Também as ribeiras estão a precisar de um trabalho de desobstrução para a normalização dos leitos e assim impedir que em futuras chuvas haja novos desastres”, nota.

O relatório aponta alguns problemas de coordenação e a cooperação com as linhas ministeriais que “precisam ser fortalecidas e melhorados”, procurando-se agilizar procedimentos que “dificultam muito o apoio de emergência e a posterior tarefa de recuperação das áreas afetadas pelo desastre”.

Entre os problemas apontam-se a falta de transportes, combustíveis, comunicações, orçamento e equipamentos, o que “dificulta o levantamento de dados, ações de apoios de emergência e atividades de recuperação”.

O documento pede mais recursos para a Secretaria de Estado da Proteção Civil para que, no futuro “esteja mais bem preparada para reagir a desastres deste tipo e conseguir minimizar os seus efeitos” para tornar mais célere e eficaz a recuperação e o apoio aos afetados. E nota que o orçamento duodecimal não é suficiente para “cobrir as despesas relacionadas com este desastre”.

“Há necessidade de alocar mais orçamento para dar apoio às vítimas no fundo de contingência, porque cada vez está a haver mais desastres e mais vítimas e de intensificar o apoio das autoridades locais e linhas ministeriais”, considera.