Se a popularidade do “Big Brother” é incontestável, o fenómeno “Survivor”, que chegou a passar por Portugal em 2001, não lhe fica atrás. Para a história passou o dia, ainda no começo dos anos 90, em que o formato televisivo criado pelo britânico Charlie Parsons, desviou a atenção da inspiração orwelliana e levou a público em todo o mundo a imaginar-se na pele de um Robinso Crusoe — sobreviver em condições inóspitas é de facto o grande desafio do reality show. Mas a verdade é que chegados a março de 2020, o mundo fora da bolha não está mais sereno nem seguro. Antes pelo contrário. Talvez a vida numa ilha das Honduras se torne até objeto de desejo por estes dias.
Manter ou não manter um programa destes em tempo de crise inédita? (recorde-se que o “Big Brother Portugal” 2020, que iria arrancar a 22 de março, foi adiado pela TVI). Contar ou não contar aos concorrentes o que se passa para lá do seu restrito contexto? É precisamente essa uma das discussões esta manhã no país vizinho. “Supervivientes 2020 – Conexion Honduras”, que arrancou a 20 de fevereiro, continua a ser exibido no ecrã da Telecinco, conduzido por Jordi González, que este domingo começou por sublinhar um dos conselhos mais relevantes nos tempos que correm: “Devemos manter as distâncias para que amanhã nos possamos abraçar ainda com mais força”. Uma intervenção sem público, sem aplausos, e que a todo o momento muitos esperaram que contemplasse um enquadramento da situação que se vive no mundo em geral, e em Espanha, em particular.
Jordi González lanza un comunicado sobre la situación del coronavirus en España y los supervivientes: "Tenemos la obligación de informarles" #ConexiónHonduras4 https://t.co/baq1MxgphJ
— Supervivientes (@Supervivientes) March 15, 2020
Mas o dia a dia na paradisíaca Cayo Cochinos manteve-se imperturbável. Na ilha hondurenha, os dramas envolviam arroz cru e as pequenas discussões da praxe. Isolados (apesar de, até agora, já existirem quatro caso positivos de infeção no país), encontram-se personalidades locais como Rocío Flores (filha de Rocío Carrasco), Ivana Icardi (irmã do futebolista Mauro Icardi), e Ana María Aldón, mulher de Ortega Cano. “Seria pior contar-lhes que guardar silêncio?”, interroga-se o El Mundo, que lança o debate sobre casos como este.
“Temos a obrigação de informá-los do que se está a passar no mundo. Estamos a verificar que os seus familiares estão bem e vamos pedir que gravem uma mensagem de ânimo e tranquilidade para lhes fazer chegar”, continuou o apresentador, nunca chegando a revelar o que se passava. A verdade é que os familiares do elenco de famosos espanhóis divide-se quanto à decisão a tomar, enquanto no Twitter os fãs acusam a estação de manter o formato por colocarem a liderança nas audiências à frente de tudo.
¿En serio llevan toda la gala diciendo que van a decirles lo del coronavirus y ahora resulta que es todo un paripé y que no les van a decir nada? Es la única razón por la que me he quedado viendo la puta gala.#ConexionHonduras4
— ????Đнäямä νäLØ ???????? (@DharmaValo) March 16, 2020
Em princípio, o desfecho deste impasse passará por “sondar os familiares dos concorrentes” sobre esta questão, havendo um “debate aberto”, garante Jordi González. Se alguns deles defendem que a notícia do surto poderá causar uma desestabilização enorme, outros acreditam que os participantes têm o dever se ser informados. Resta saber qual será a decisão do canal Telecinco.