“Olá, boa tarde no Brasil, boa noite em Portugal… Sim, é verdade que o meu teste deu positivo mas também é verdade que me sinto normal. Hoje sinto-me exatamente igual ao que sentia há um mês, há um ano, há dois, três, quatro”. Foi desta forma que Jorge Jesus, treinador do Flamengo, confirmou que teve um teste positivo de coronavírus, numa mensagem colocada no Instagram. A este teste positivo somou-se uma contraprova inconclusiva, pelo que o treinador português vai fazer um terceiro teste nesta terça-feira para confirmar se está ou não infetado.

“Sinto-me uma pessoa completamente normal, não tenho sintomas nenhuns mas é verdade que tive o teste positivo, vou ficar de quarentena. Quero agradecer o carinho a todos os meus amigos, aos fãs, aos meus seguidores e à nação flamenguista por terem partilhado comigo esta minha situação que penso que, mais semana, menos semana, vai acabar por voltar à normalidade. Um grande beijo para vocês todos, estou muito confiante”, referiu ainda no vídeo de 72 segundos onde acabou por confirmar o que tinha sido confirmado pelo clube carioca.

Segundo apurou o Observador, a primeira análise foi feita ainda na sexta-feira mas, ao contrário do que é normal, o resultado não demorou cerca de seis a sete horas a ser conhecido mas sim 30, o que fez com que houvesse na mesma jogo com a Portuguesa no sábado apesar dos protestos de Jesus, que não queria que o encontro se realizasse. Os testes, feitos a jogadores, técnicos e restante staff, foram efetuados depois do resultado positivo de Maurício Gomes de Mattos, vice do clube para os consulados e embaixadas do Flamengo, que passou por Espanha e esteve com a equipa na Colômbia, onde a equipa defrontou o Junior Barranquilla para a Taça dos Libertadores. Os quatro grandes do Rio de Janeiro, Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo, estavam contra a suspensão do Campeonato que acabou por ser decretada – e que sempre foi pedida pelo técnico português, ciente perante o problema que poderia haver mais elementos dos rubro-negros infetados com coronavírus.

A comunicação do técnico português surgiu pouco depois de um comunicado do Flamengo que explicava que os testes de “atletas, comissão técnica e funcionários do departamento de futebol foram concluídos na tarde desta segunda-feira”. “O clube informa que o treinador Jorge Jesus realizou um primeiro teste para Covid-19 e o resultado foi um positivo fraco ou inconclusivo. A contraprova do resultado está sendo realizada O Mister está sob os cuidados do departamento médico do Flamengo e apresenta um quadro estável de saúde. A diretoria reitera o compromisso durante a pandemia do coronavírus e anunciou a suspensão dos treinos da equipe profissional e das categorias de base ao menos por uma semana”, destacou a nota oficial do campeão brasileiro.

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Ao final do dia de segunda-feira, o Flamengo confirmou através do Twitter que “a contraprova realizada pelo técnico Jorge Jesus trouxe resultado inconclusivo para o Covid-19”. “Por recomendação do laboratório responsável, o treinador fará nova coleta de materiais na manhã desta terça (17). O resultado sairá entre 24h e 48h”, assegurou o clube brasileiro.

Gabriel Barbosa foi um dos primeiros a deixar uma mensagem pública ao treinador (“Força Mister”), provando mais uma vez a ligação forte que tem com o português. Já Octávio Machado, hoje comentador mas antigo técnico e diretor do futebol do Sporting que trabalhou com Jesus, falou também com o técnico. “Acabámos de falar, estivemos em contacto. Ele ligou-me… Surpreendeu-me completamente porque estava normal, não tem qualquer tipo de manifestação, está bem, ontem e hoje foi fazer o seu exercício físico diário, sente-se bem. O Jesus é um atleta, tem uma capacidade física extraordinária. Estava preocupado mas bem disposto e o facto de não ter qualquer sintoma também tranquiliza. Foi isso também que disse à família, isso dá confiança”, disse à CMTV.

Tudo começou na passada sexta-feira, quando o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, confirmou cinco casos entre os quais o de Maurício Gomes de Mattos, internado numa unidade hospitalar particular em Brasília. O vice-presidente do Flamengo tinha feito um teste positivo na quinta-feira, dia 12, com a contra-análise a ser conhecida no sábado, dia 14 – e pelo meio, na sexta-feira, dia 13, o plantel do Flamengo foi todo também testado. Na terça-feira, como conta o Globoesporte, o dirigente passou por uma ação social da escola do antigo guarda-redes Raul Plassmann em Paranoá (que entretanto entrou em isolamento voluntário, com a recomendação de não haver proximidade com pessoas de grupos de risco) e jantou com Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, antes de uma reunião à porta fechada. Antes, passara pela Europa.

No final de fevereiro, Maurício Gomes de Mattos, na companhia do presidente do clube Rodolfo Landim e do vice para o marketing e comercial, Gustavo Oliveira, passou por Espanha, onde passou pelo centro de treinos de Valdebebas na companhia do diretor geral, José Ángel Sánchez, e do chefe do scouting, Juni Calafat. Uns dias depois, a delegação do Flamengo assistiu também ao Clássico entre Real Madrid e Barcelona, tendo privado não só com o líder dos merengues, Florentino Pérez, mas também com o diretor desportivo dos catalães, Eric Abidal. Daí viajaram depois para a Colômbia, tendo estado com a equipa antes e depois do encontro com o Junior Barranquilla, a contar para a Taça dos Libertadores. O trio de dirigentes, que chegara sozinho no regresso à América do Sul, regressou depois ao Brasil no mesmo avião da restante comitiva dos rubro-negros.

Depois desse jogo que abriu a fase de grupos da Taça dos Libertadores, o Flamengo regressou a 5 de março ao Rio de Janeiro, tendo feito três encontros consecutivos no Maracanã (com outras tantas vitórias): 3-0 ao Botafogo no Campeonato Carioca a 7 de março, 3-0 ao Barcelona do Equador na Taça dos Libertadores a 11 de março e, agora, 2-1 à Portuguesa de novo no Campeonato Carioca a 14 de março. Um jogo que, se fosse por Jorge Jesus, já não se tinha realizado porque se sabia entretanto do teste positivo de Maurício Gomes de Mattos. Um jogo que, conforme queria Jesus ao contrário dos principais clubes, acabou por ser o último antes da suspensão.