O tempo está para tudo menos brincadeiras mas, perante os cenários que se têm oficializado em relação a todas as grandes competições desportivas, que têm no adiamento do Campeonato da Europa de futebol e da Copa América dois exemplos paradigmáticos dessa tendência transversal, o comunicado emitido esta terça-feira pelo Comité Olímpico Internacional surgiu quase com o som de fundo dos Monty Phyton, dizendo “And Now for Something Completely Different“: apesar das dúvidas e incertezas em relação a uma pandemia global que não escolhe países nem pessoas, e contra tudo o que tem sido feito, os Jogos Olímpicos continuam marcados para 24 de julho.

Ao longo de mais de 25 parágrafos, o Comité Olímpico Internacional (COI) começa por explicar que reuniu esta terça-feira com o primeiro dos vários stakholders dos Jogos de Tóquio, neste caso a Federação Olímpica de Desportos de Verão, seguindo-se nos próximos dias o Comité Nacional Olímpico, o Comité Internacional Paralímpico, outras federações internacionais e também os representantes dos atletas – sendo que, neste último, poderão estar os principais entraves à competição, tendo em conta as fortes restrições que todos os atletas têm enfrentado para continuar a sua preparação regular vocacionada para a competição.

“Esta é uma situação sem precedentes em todo o mundo e os nossos pensamentos estão com todos aqueles que estão afetados por esta crise. Estamos solidários com toda a sociedade e faremos tudo para conter o vírus. A situação em torno do vírus Covid-19 está também a afetar a preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio e está a mudar de dia para dia. O COI mantém-se completamente comprometido com os Jogos de Tóquio e, a mais de quatro meses do início da competição, não é necessária qualquer medida drástica nesta fase e qualquer especulação neste momento seria contraproducente”, explica o órgão liderado por Thomas Bach.

“O COI encoraja todos os atletas para que continuem a preparar os Jogos Olímpicos da melhor forma que consigam. Continuaremos a apoiar os atletas falando com eles e com os respetivos Comités Olímpicos nacionais, dando todas as últimas informações e desenvolvimentos (…) O COI tem confiança que muitas das medidas que têm sido tomadas pelas autoridades um pouco pelo mundo ajudem a conter a situação do vírus Covid-19 e nesse contexto o COI agradece o apoio dos líderes do G7 expresso pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que disse: ‘Quero organizar os Olímpicos e os Paralímpicos de forma perfeita, como prova de que os humanos irão conquistar este novo coronavírus e ganhei o apoio para isso dos líderes do G7′”, acrescentou, falando assim do apoio dos outros países: Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá.

“Continuaremos a agir de forma responsável e concordámos em seguir dois princípios para a organização dos Jogos de Tóquio: proteger a saúde de todos os que estejam envolvidos e apoiar à contenção do vírus; salvaguardar os interesses dos atletas e do desporto olímpico. Já a meio de fevereiro, foi criada uma task force entre COI, Organização Mundial de Saúde, o Comité de Organização de Tóquio, as autoridades japonesas e o governo metropolitano de Tóquio (…) A decisão não será determinada por interesses financeiros”, salientou ainda, sendo que, entre outros números, o adiamento da prova terá um impacto negativo de 1,4% do PIB nipónico.

O COI recorda ainda o adiamento de várias qualificações olímpicas em março e abril, bem como a realização do acender da tocha olímpica à porta fechada, fazendo contas um pouco diferentes nos atletas já qualificados para os Jogos, assumindo como certos alguns de modalidades que são apurados por ranking. “57% desses atletas já estão qualificados para os Jogos, para os 43% faremos todos os pedidos para que se adaptem os calendários”, referiu, antes de pormenorizar todos os ajustamentos que poderão ser feitos mediante as necessidades.

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