Cynthia Viteri, a presidente da câmara de Guayaquil, ordenou que vários veículos municipais invadissem a pista do aeroporto desta cidade portuária no Equador, sem autorização do governo, para impedir a aterragem de dois voos vindos da Europa: um da espanhola Iberia, vindo de Madrid, e outro da KLM que tinha partido de Amesterdão. As imagens divulgadas pelo La Vanguardia mostram este episódio causado pelo medo de contágio com a Covid-19.

Depois de voos com mais de 10 horas de duração, as tripulações foram informadas ao aproximarem-se de Guayaquil de que várias dezenas de carros e motas dos serviços municipais tinham entrado na pista, contrariando a vontade quer do governo quer da própria direção do aeroporto José Joaquín de Olmedo. Uns estavam estacionados e outros circulavam mesmo pela pista. Qualquer hipótese de aterrar ou descolar foram impossibilitadas e as aeronaves tiveram de ser redirecionadas para o aeroporto de Quito — onde tiveram autorização de aterrar.

Viteri, a advogada, jornalista e agora política que deu a ordem controversa, é do partido Alianza País, movimento liderado por Lenin Moreno, o atual presidente da República que tinha dado autorização expressa para que o Airbus A340 espanhol e o Boeing 777 holandês realizassem estes dois voos especiais, realizados só com a tripulação e sem passageiros (na ida), para poder recolher cidadãos europeus que precisassem de repatriamento para a Europa.

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Entretanto, Cynthia Viteri já se pronunciou sobre o incidente numa entrevista e disse que informações cruzadas que lhe chegaram davam conta que nos dois aviões estavam a chegar vários passageiros. Vitieri reivindicou “a defesa da cidade” para justificar esta tomada de decisão unilateral.

Com este episódio, os esforços de diplomatas holandeses, espanhóis e equatorianos que tinham acertado esta operação de repatriamento para viajantes retidos na cidade do Equador, foram desperdiçados. Várias centenas de passageiros da KLM e da Iberia que aguardavam o regresso à Europa foram apanhados de surpresa e não sabiam ainda quando poderão regressar a casa.

Durante a manhã desta quinta-feira (à tarde, segundo o fuso horário equatoriano), a Procuradoria-Geral do Equador anunciou a abertura de uma investigação sobre o incidente. Neste país sul-americano já foram confirmados 168 casos e três mortes.