A Organização Mundial de Saúde (OMS) promoveu esta sexta-feira um “briefing aos meios de comunicação” para dar conta da sua ação e aconselhamento na resposta à propagação do surto do novo coronavírus.

O diretor geral da OMS, Tedros Adhanom, começou por dar uma boa notícia. Citado pelo El País e CNN, lembrou: “Hoje trazemos boas notícias: pela primeira vez, ontem [quinta-feira, 19] não houve casos reportados na província de Wuhan”.

Tedros Adhanom deixou uma mensagem aos jovens que desvalorizam o impacto da doença Covid-19: “Não são invencíveis, este vírus pode pôr-vos durante semanas num hospital ou até matar-vos. Mesmo que não adoeçam, as escolhas que fazem sobre até onde podem ir pode fazer a diferença entre vida e morte para alguém”.

Já aos jovens que têm levado as consequências de infeção com o novo coronavírus a sério, o diretor geral da OM agradece pela “difusão da mensagem”.

Todos os dias estamos a aprender mais sobre este coronavírus e a doença que causa [Covid-19]. Uma das coisas que estamos a perceber é que apesar de as pessoas mais velhas serem as mais atingidas, os jovens também não são poupados. Dados de muitos países mostram claramente que pessoas com menos de 50 anos compõem uma proporção significativa do total de pacientes que precisam de ser hospitalizados”, referiu ainda Tedros Adhanom.

O diretor executivo para o programa de emergências de saúde da OMS, Mike Ryan, também falou neste briefing da organização. Sobre o impacto da Covid-19 nos sistemas de saúde dos países afetados, referiu: “Olhem para as unidades de cuidados intensivos, estão completamente assoberbadas, os médicos e os enfermeiros estão totalmente exaustos. Isto não é normal. Isto não é apenas um período de uma gripe má. Temos sistemas de saúde que estão a colapsar perante a pressão trazida por demasiados casos. Isto não é normal e não é apenas um pouco pior do que aquilo a que estávamos habituados”.

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Os conselhos para quem está em casa e um milhão e meio de testes distribuídos

Relativamente aos testes de diagnóstico, o diretor geral da OMS refere que a organização está a “trabalhar no duro” para garantir mais mas que é preciso serem “comprovados de forma independente” para garantir a sua eficácia. Houve ainda uma alusão às críticas de que os mais ricos estão a obter mais testes de diagnóstico do que os mais pobres: “Estamos a trabalhar com empresas para garantir uma distribuição igualitária. Estamos muito agradecidos pelo modo como o setor privado deu um passo em frente para ajudar a esta crise”.

A Organização Mundial de Saúde anunciou ainda, pelo seu diretor executivo para o programa de emergências de saúde Mike Ryan, que distribuiu 1.5 milhões de testes de diagnóstico por todo o mundo. O número, no entanto, terá de ser aumentado em grande escala se a propagação do vírus acontecer intensamente nos próximos meses.

Se olharmos para o futuro desta epidemia, se projetarmos a situação em que estaremos daqui a alguns meses e olharmos para a quantidade de testes que serão necessários, precisamos de escalar esse número para um outro 80 a 100 vezes maior”, referiu Mike Ryan.

Entre os conselhos sugeridos pelo diretor geral da organização, Tedros Adhanom, para os dias de isolamento social, estão “o cuidado com a saúde física e mental”, que são importantes em caso de infeção. Evitar álcool, não fumar e fazer exercício físico — pelo menos meia hora para adultos, pelo menos uma hora para crianças — são alguns dos conselhos da Organização Mundial de Saúde para promover o bem estar físico.

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Para quem está em regime de teletrabalho, o diretor geral da OMS recomenda “três minutos de descanso a cada 30 minutos [de trabalho]”. É preciso, apontou Tedros Adhanom, cuidar da “saúde mental” porque é normal uma pessoa em isolamento sentir-se “angustiada, confusa e preocupada. Falei com familiares e amigos. Evitem ouvir ou ver muitas notícias se estas vos causam angústia, mas sigam sempre fontes credíveis”.

A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para a saúde pública internacional anunciou ainda que vai lançar um “serviço de alertas e mensagens” Health Alert em parceria com as redes sociais Facebook e Whatsapp, especificamente destinado a “aumentar o acesso a informação confiável” sobre a Covid-19. Este serviço, refere a OMS na rede social Twitter, “vai providenciar as últimas notícias e informações relativas à Covid-19, incluindo detalhes sobre sintomas e formas de se proteger. Este serviço da Health Alert está disponível em inglês e estará disponível em outros idiomas na próxima semana”.