A Polícia moçambicana disse esta segunda-feira que um grupo armado atacou um quartel das forças de defesa e segurança da vila de Mocímboa da Praia, Norte do país, e içou a sua bandeira, confirmando relatos da população já feitos à Lusa.

Os malfeitores atacaram a sede de Mocímboa da Praia, incluindo um quartel das forças de defesa e segurança, e içaram a sua bandeira”, disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), numa conferência de imprensa em Maputo.

Segundo Orlando Modumane, os ataques começaram por volta das 4h locais (menos duas horas de Lisboa) e os grupos criaram barricadas nas principais entradas da vila. Os relatos ouvidos pela Lusa indicaram que a população está fechada dentro das suas casas e que se ouvem disparos de armas de fogo e gritos de confrontação em vários locais da vila, a par da circulação de, pelo menos, um veículo blindado.

As forças de defesa estão a desdobrar-se em vários grupos e em vários pontos para identificar os principais pontos que os malfeitores usaram para entrar na vila. Neste momento, as forças de defesa e segurança estão sob fogo cruzado com os malfeitores”, acrescentou Orlando Modumane.

A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados, que organizações internacionais classificaram como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos, além de 156.400 afetados, devido à perda de bens ou obrigados a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.

Estes ataques têm acontecido sobretudo no meio rural, mas Mocímboa da Praia é um dos principais centros urbanos da região, sede de distrito, servido pela única estrada asfaltada que cruza a província e com um aeródromo apto a receber voos internacionais.

Trata-se da vila onde em outubro de 2017 começou a ameaça armada que tem atormentado Cabo Delgado. Mocímboa da Praia fica a 90 quilómetros a sul de Palma, distrito onde estão a ser construídos megaprojetos internacionais de exploração de gás natural.

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