Marrocos está ainda numa fase mais precoce do que os principais países afetados pela Covid-19, mas tem optado por um punho forte para conter a propagação. O destaque dado pelo El País nesta segunda-feira menciona um conjunto de medidas restritivas que o país tem implementado e que surgem muito mais cedo em comparação com vários estados europeus. Sem espaço para experiências iniciais – como no caso do Reino Unido, que queria procurar imunidade de grupo – Marrocos lançou-se já para o confinamento.

Em todo o território, há pelo menos 122 casos de pessoas infetadas com SARS-cov-2, o vírus da Covid-19 – um número muito menor do que, por exemplo, os 33.000 em Espanha. Contudo, o estado de emergência foi declarado no país um dia depois da sua aplicação em Portugal, mas com números muito diferentes: no dia 19 de março, havia entre 50 a 60 infetados em Marrocos. Em Portugal, ultrapassavam os 780. O estado de emergência seria apenas o primeiro passo para uma corrida contra o tempo que implicava colocar a população em casa.

Nos dias seguintes, todos os centros educacionais receberam ordem para parar os trabalhos, os percursos ferroviários de longa distância foram suspensos e até as mesquitas, num país em que o Islão é a religião de estado, tiveram de ser encerradas. À população foi pedido que ficasse em casa, só podendo efetuar deslocações para efeitos de trabalho ou para adquirir mantimentos. Contudo, nestes dias são obrigados a ter consigo uma licença de circulação, que tem de ser carimbada e assinada pelas autoridades locais.

Não há deslocações para cafés, restaurantes, cinemas ou museus, até porque também tiveram de fechar, e aquisição de jornais vai ficar mais complicada – o Ministério da Cultura pediu aos jornais que suspendessem as publicações em papel e que se focassem essencialmente na sua versão online.

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Na última sexta-feira, com os casos a continuarem ainda muito abaixo do panorama europeu, todos os voos foram suspensos e passou a haver apenas movimentos aéreos para turistas que precisassem de ser repatriados. Fora desta medida ficaram os próprios marroquinos: quem está fora do país não consegue regressar porque não há voos.

O El País dá conta de dezenas de trabalhadores transfronteiriços – marroquinos que entram e saem do país para os exclaves espanhóis de Ceuta e Melilla – e que foram apanhados de surpresa pelas restrições: sem conseguir voltar ao país de origem, receberam acolhimento por parte das autoridades espanholas e organizações humanitárias. São cerca de 60 pessoas.

De norte a sul do globo, o objetivo dos países tem sido sempre o mesmo: achatar a curva de crescimento e evitar um aumento exponencial no número de pessoas infetadas. Mesmo que as medidas surjam de forma mais precoce, como é o caso de Marrocos, ou mais tardia – como parece ser o caso italiano – será sempre necessário aguardar dias ou até semanas para verificar e garantir que as medidas aplicadas foram a melhor solução.