Um estudo da Universidade de Oxford sugere que o número de infetados pelo novo coronavírus no Reino Unido pode ser muito superior aos casos contabilizados pelas autoridades. E que o SARS-CoV-2 já pode ter contagiado até metade da população britânica, indicam os especialistas ouvidos pelo Financial Times.
A confirmar-se a teoria dos investigadores, membros de um grupo que estuda a evolução das doenças infecciosas na população, isto significa que apenas uma pessoa em cada mil tem sintomas suficientemente fortes para procurar tratamento hospitalar. No entanto, só há uma maneira de verificar esta hipótese: testar mais pessoas, algo em que Oxford já está a trabalhar em parceria com a Universidade de Cambridge.
O relatório, que tira conclusões diferentes das tiradas pelo Imperial College London — tomado em conta pelo governo britânico na estruturação das medidas de prevenção para a pandemia e que apontava para a morte de 250 mil pessoas caso não fosse promovido o isolamento social — descreve também a possível evolução da COVID-19 no Reino Unido. Segundo esta investigação de Oxford, o novo coronavírus entrou em território britânico em meados de janeiro. No entanto, espalhou-se dentro das comunidades durante um mês sem ser identificado.
De acordo com o Financial Times, caso se confirmem as conclusões da Universidade de Oxford, isso significa que o Reino Unido pode ser um caso de imunidade de grupo, em que houve um número suficiente de cidadãos infetados a ganhar imunidade ao novo coronavírus.
A estratégia da imunidade de grupo foi abandonada por Boris Johnson por poder colocar em causa a capacidade de resposta do sistema de saúde britânico. Mas se os dados de Oxford forem reais, então as medidas restritivas adotadas desde segunda-feira podem ser levantadas mais cedo do que é expectável à luz dos dados oficiais neste momento, afirma aquele prestigiado diário económico inglês.
No entanto, é preciso ter em conta que o estudo da Universidade de Oxford ainda não foi revisto nem testado pelos cientistas. Ou seja, a veracidade e validade científica das conclusões ainda podem ser colocadas em causa. Além disso, os cientistas ainda não concluíram se o organismo humano ganha imunidade ao SARS-CoV-2 após recuperar da infeção.