“[A missão olímpica portuguesa] está prejudicada. Há um conjunto de atletas que não tem condições para se preparara e há outro conjunto de atletas que encontrou soluções alternativas. Mas toda a preparação está prejudicada pelas condições que são conhecidas e pelas limitações que são impostas”. Na véspera do anúncio oficial do adiamento dos Jogos Olímpicos, José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, já admitia à Rádio Observador problemas que seriam transversais a todos os envolvidos fruto do atual panorama mundial com a Covid-19. Ainda assim, a celeridade nesta fase acabou por evitar males maiores.

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“A reação a este decisão foi positiva. Positiva pelo anúncio do adiamento, positivo pela rapidez com que foi feito e positivo porque, não se tendo marcado uma nova data, estabelece uma temporada. O adiamento veio desagravar a tensão, deu tranquilidade aos atletas e às instituições desportivas e foi de acordo com o apelo da comunidade internacional que defendia que os Jogos só se deviam realizar dentro de um quadro de segurança individual e coletiva”, comentou o líder do COP, em entrevista à Rádio Observador.

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[Ouça aqui na íntegra a entrevista de José Manuel Constantino à Rádio Observador]

José Manuel Constantino: “90% dos atletas já tinham pedido o adiamento dos Jogos Olímpicos”

“Já tinha falado antes num quadro de prejuízos se o anúncio do adiamento não fosse feito num determinado momento em que que já tivéssemos levado algumas coisas. O envio do material, dos barcos, o envio dos cavalos, tudo isso tinha de começar em abril. Na parte logística ainda não temos garantias, não temos a garantia de recuperar o que fizemos a nível de alojamento e de marcação de viagens, se é recuperável ou se é perdido. Vamos ter de aguardar pelas próximas semanas para informações mais rigorosas para avaliarmos toda a despesa que eventualmente possa não ser recuperável”, acrescentou, a propósito das possíveis perdas.

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“90% dos atletas manifestaram junto da Comissão de Atletas Olímpicos que queriam que os Jogos fossem adiados, o que demonstra bem a vontade que existia. Se vão continuar ou não a treinar, penso que sim mas numa situação diferente. Os atletas de alto rendimento não são pessoas comuns, têm de manter o trabalho sob pena de perderem a condição física mas também a saúde mental. Um atleta assim não pode parar ou ficar confinado como um outro cidadão mas tem de treinar com condições de segurança, agora sem a pressão da data dos Jogos e salvaguardando sempre as recomendações da Direção Geral da Saúde”, concluiu José Manuel Constantino.