O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, anunciou este sábado o alargamento das medidas de quarentena generalizada no país. A partir de segunda-feira, dia 30, e até dia 9 de abril, todos os trabalhadores de atividades não essenciais devem ficar em casa, numa medida adicional que deve ser aprovada este domingo num Conselho de Ministros extraordinário.

“Esta medida vai reduzir, ainda mais, a mobilidade de pessoas, vai diminuir o risco de contágio e vai permitir descongestionar os serviços de cuidados intensivos”, disse Pedro Sánchez, reconhecendo que se tratam de medidas de “extraordinária dureza”. O El País explica ainda que todos os trabalhadores vão receber os respetivos salários na íntegra e que as empresas que já estavam a funcionar em regime de teletrabalho vão assim continuar, para além de que os funcionários terão de compensar “de forma paulatina” a pausa forçada quando esta terminar.

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Segundo o jornal espanhol, o alargamento das medidas de confinamento — que se juntam ao estado de alarme que Pedro Sánchez prolongou na passada quarta-feira — tem como objetivo reduzir ainda mais a presença de pessoas nas ruas, algo que já acontece durante os fins de semana mas que ainda não é visível nos dias úteis. Pressionado pelos restantes partidos e até pelo Unidas Podemos, parceiro de coligação, Sánchez retardou o apertar das limitações mas acabou por ver-se quase obrigado a apresentar novas medidas depois dos números da pandemia em Espanha nos últimos dias: o país já regista um total de 72.335 infetados e 5.820 vítimas mortais.

As novas medidas param principalmente o setor industrial espanhol. mas Pedro Sánchez alertou para a necessidade de um “poderoso esforço coletivo”. “Não é o medo, é a coragem que nos faz ficar em casa para superar a pandemia. Estamos a enfrentar as horas mais difíceis, mais tristes e mais amargas”, completou o presidente do governo espanhol.

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Pedro Sánchez comentou ainda o Conselho Europeu de quinta-feira, que terminou sem acordo e com indignação de António Costa face à posição do ministro das Finanças holandês sobre um plano de ajuda a países como Espanha ou Itália, através da emissão de dívida comum, os chamados coronabonds . “A Europa não iluminou o vírus. A Europa não convocou nem atraiu o vírus. Também não foi Espanha nem qualquer outro país-irmão europeu. O vírus penetrou na Europa, seguindo uma viagem aleatória. E do mesmo modo que esta catástrofe está a submeter o mundo inteiro a um exame, também está a pôr à prova o projeto europeu de modo muito especial”, disse o líder espanhol.

“A resposta não pode ser nacional, tem de ser europeia e com todos os recursos no momento mais crítico da União Europeia desde a sua fundação. Que rememos todos para o mesmo lado, que sejamos todos holandeses, espanhóis ou alemães”, concluiu Sánchez, que confirmou ainda que já foram compradas 659 milhões de máscaras e que o governo espanhol investiu 628 milhões de euros em material sanitário.