Uma das grandes dúvidas na altura da chegada de Cristiano Ronaldo à Juventus, no verão de 2018, passava por saber como seria a relação com Paulo Dybala, na altura uma das figuras de proa da equipa além dos carismáticos Chiellini, Buffon ou Bonucci (os dois últimos de regresso ao clube, após passagens por PSG e AC Milan), dentro e fora de campo. Dentro de campo, não chegou sequer a tornar-se assunto; fora dele, idem. E o argentino até foi um dos elementos em Turim com quem o português mais rapidamente criou relação extra relvado.

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Numa reportagem feita em março de 2019, o El Mundo explicava que Ronaldo e Dybala tiveram uma aproximação quase imediata, também pelos elogios que o esquerdino fazia em termos públicos ao capitão da Seleção Nacional, visto como um exemplo de trabalho, de sacrifício e de profissionalismo… até na forma como tinha sempre tudo arrumado no cacifo do balneário. Mais tarde, depois da ligação com alguns dos sul-americanos do plantel então liderado por Massimiliano Allegri, Bernardeschi estreitou relação com o português (que um dia se terá “pegado” com Mandzukic num treino) mas a amizade com Dybala não se perdeu, como o próprio admitiu contando mesmo a história de uma viagem onde falou com Ronaldo sobre a perceção que existia sobre ele na Argentina.

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“A nível pessoal, fiquei surpreendido [com Ronaldo]. Não o conhecia, nenhum de nós [na Juventus] sabia nada sobre ele, até porque no ano anterior a Juventus foi eliminada da Liga dos Campeões pelo Real Madrid e houve muitas discussões com ele em campo. Mas quando Ronaldo chegou, encontrámos uma pessoa excelente, muito sociável e amigável, sempre pronto a conversar”, contou numa entrevista à Associação de Futebol da Argentina (AFA), antes de detalhar uma conversa: “Uma vez sentei-me para conversar com ele, numa viagem, e disse-lhe: ‘Lá na Argentina odiamos-te um pouco por causa da tua postura, da tua maneira de ser e de andar, mas encontrei outra coisa”. Respondeu-me: ‘Sei como sou, estou acostumado a receber críticas por isso'”.

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E quem fala de Ronaldo e é argentino, obrigatoriamente tem de falar de Messi, neste caso alguém com quem já assumiu que é complicado jogar na seleção (explicando que tal se justifica pelas posições que ocupam, sendo que logo aí disse também que era ele que se tinha se adaptar). “Talvez pudesse ter dito uma coisa diferente porque nunca quis criticar colegas, já falei com ele sobre isso. Taticamente somos muito semelhantes e trabalhamos para não pisarmos os pés um do outro. Gostava de dar mais à Argentina e na Copa América joguei pouco”, disse.

Por fim, Paulo Dybala falou também do seu estado de saúde e da forma como tem vivido a realidade italiana, após ter sido o terceiro jogador da Juventus infetado com o novo coronavírus depois de Rugani e Matuidi. “Tinha muita tosse, sentia-me sempre cansado e quando dormia tinha frio. No início não me passou pela cabeça que fosse a Covid-19 mas depois o Rugani e o Matuidi deram positivo… Tinha dores de cabeça mas aconselharam-me a não tomar nada. A Juventus deu-me vitaminas e com o tempo fui-me sentindo melhor. Cansava-me rapidamente, queria treinar-me mas cinco minutos depois já não tinha fôlego. Alguma coisa não estava bem. Aqui em Itália morrem muitas pessoas todos os dias. As coisas estão péssimas, não conseguem gerir os casos. Este coronavírus não é uma coisa qualquer, temos de estar atentos. As pessoas devem estar em casa”, pediu.