Brescia, cidade do norte de Itália, tem mais de 200 mil habitantes. Fica perto de Milão, na região de Lombardia, a mais afetada pelo coronavírus em território italiano. Ali, na Lombardia, já morreram mais de 1.290 pessoas num universo de casos positivos superior aos 46 mil. Brescia é também a cidade de origem de um clube da Serie A, o clube onde já ninguém joga com o 10 porque era a camisola de Baggio e por onde passaram um dia Hagi, Guardiola e Pirlo.

Na altura da paragem forçada do futebol italiano em particular e do europeu no geral, o Brescia estava no último lugar da Serie A, a dois pontos do penúltimo mas a nove da manutenção. Recém-regressado à primeira liga italiana, depois de conquistar a Serie B na temporada passada, o Brescia tem tido dificuldades na adaptação à alta roda do futebol transalpino — apesar da contratação sonante de Mario Balotelli no início da época.

Covid-19: presidente do Brescia diz que “época acabou” e que importante é “sobreviver”

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Massimo Cellino, empresário italiano, é o dono e o presidente do Brescia. Bem conhecido nos meandros do futebol, já deteve o Cagliari, também em Itália, e o Leeds United, em Inglaterra. Interessou-se pelo Brescia em 2017, depois de vender o Leeds a Andrea Radrizzani, outro italiano que é também fundador e presidente da Eleven Sports. Apesar de ser uma figura relativamente recente no Brescia, Cellino tem sido no último mês e meio o verdadeiro representante do clube — do clube, da equipa e da própria cidade.

Depois de há cerca de duas semanas ter defendido que a temporada de futebol 2019/20 “acabou”, realçando que o importante agora era “sobreviver”, o presidente do Brescia voltou esta quinta-feira a garantir que defende a suspensão definitiva da atual época italiana. “Esta temporada já não faz sentido. Parámos, nenhuma equipa vai regressar como antes, os jogos vão ser à porta fechada e mesmo assim ainda há um risco para os atletas. Para mim, voltar ao trabalho é pura loucura”, disse Massimo Cellino à Gazzetta dello Sport.

O presidente garante que não está a tentar salvar o Brescia da despromoção à Serie B

O presidente do Brescia abriu ainda a porta à retirada da Serie A, na eventualidade de o futebol italiano recomeçar. “Se nos obrigarem a jogar, estou disposto a não pôr equipa nenhuma em campo e perder os jogos por 3-0 [em cenário de falta de comparência] por respeito às pessoas de Brescia e aos seus entes queridos que já não estão cá”, acrescentou.

Cellino rejeitou ainda a ideia de estar apenas a querer salvar o Brescia da descida à segunda liga — uma acusação feita por Claudio Lotito, presidente da Lazio. “Não quero saber da despromoção. Até agora merecemos e também tenho culpa nisso”, explicou, recusando ainda a opção de a temporada ser terminada em agosto ou setembro. “Teríamos de mudar todas as regras nacionais e internacionais: os contratos dos jogadores, as folhas orçamentais, os prazos com os bancos, o mercado de transferências, preparação, início da nova temporada. Seria o absoluto caos. E para quê?”, questionou o presidente do Brescia.