A história da família Cebrián Gervas está a ser notícia nos jornais em Espanha, como o El Español, ou o El Norte de Castilha, ou até o diário desportivo AS. Mãe, pai e os 11 filhos estão todos infetados com o novo coronavírus. A família numerosa está em quarentena no apartamento de 170 metros quadrados, em Valladolid. Mesmo assim, a história é de esperança: já houve “momentos de verdadeiro medo”, mas com sorrisos na cara contam que “a Fé os tirou do poço”.

Tudo começou a 12 de março, quando o estado de emergência ainda não tinha sido decretado em Espanha. Irene Gervás, a mãe, que também é enfermeira, começou por ter dores de cabeça. Contudo, com 11 filhos e stress do trabalho, não ligou. A 16 de março, os sintomas pioraram. Tinha dores de cabeça, tosse, febre. Era claro que estaria doente e, num centro de saúde, confirmou o que se esperava já o país estava fechado em casa: tinha Covid-19.

Depois, foi a vez de José María, o marido, começar a acusar sintomas. Com 11 filhos, a principal questão era: como é que fariam o isolamento das crianças? Continuavam a quarentena em casa e, após três dias do resultado de Irene, dizem que passaram o momento mais difícil. “A minha mulher não se conseguia levantar da cama, não conseguia sair da cama (…) eu comecei a ter problemas respiratórios”, conta José María ao El Espanol. Ao mesmo tempo, o filho mais novo fica também doente.

“As crianças estavam com dores de cabeça e muito vómitos, mas em cerca de um dia e meio estavam a ultrapassar estes sintomas”. Contudo, “eram momentos de angústia”. José e Irene iam alternando consoante se sentiam melhor para tratar dos filhos, contam, mas o pai, arquiteto de profissão, acusava cada vez mais falta de ar. Pensava se devia ia ao hospital, mas isso significaria abandonar os filhos na mesma situação. Numa noite mais difícil em que a família lhe dizia para ir ao hospital, recusou: “Agarrei a vida e recuperei, não tinha escolha”, diz agora. 12 dias depois dos primeiros sintomas esta família começou a recuperar gradualmente.

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Estamos a sair do poço, mas ainda não podemos sair de casa”, desabafam. “O médico disse que, se formos à rua, ainda podemos infetar outras pessoas, teremos que ficar mais duas semanas em casa. Tenho um pouco de tosse, mas a minha mulher já está a 100% “, diz José.

Com 13 pessoas em casa, e filhos entre os 1 e 15 anos de idade, a dificuldade foi também conseguir manter todos ocupados. “Tivemos de nos organizar como qualquer outra família, ou planeamos ou naufragamos. Além disso, recebemos muita ajuda constantemente”, diz José. Fizeram um cronograma que permitiu dividir tarefas. Aulas, pequenos-almoços e outros afazeres. A comida para almoços e jantares vai sendo feita pela mãe de Irene, que deixa no elevador pela garagem para recolherem reduzindo ao máximo o risco de contaminação.

Além disso, a família conta que, durante estes dias que atravessam, uma das principais coisas que ajudou foi acompanharem a missa pelo YouTube. Todas as manhãs, o casal afirma que a primeira coisa que faz quando acorda é acompanhar por vídeo em stream uma missa de Madrid. Os mais novos não acompanham tanto, mas os mais velhos já os secundam neste momento. “Ajuda a estruturar o dia, dá-nos paz e bom humor”, diz José. À tarde, rezam todos o rosário. Para a Páscoa, já planeiam “acompanhar o Papa Francisco pela televisão”.