A União Europeia tem de ajudar os países terceiros mais vulneráveis a combater o novo coronavírus, em particular no continente africano, onde a pandemia pode muito rapidamente ficar fora de controlo, advertiu esta sexta-feira o chefe da diplomacia europeia.

No final de uma videoconferência dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, o Alto-Representante para a Política Externa, Josep Borrell, apontou que um dos pontos discutidos foi o reforço da cooperação internacional e assistência a países terceiros, tendo os 27 concordado em particular na necessidade de ajudar África a fazer face à pandemia, até no seu próprio interesse.

A nível da cooperação internacional, concordámos que esta é uma crise global e que a resposta deve ser global, e a prioridade deve ser dada na assistência aos países mais vulneráveis, pois isso é também do nosso interesse no longo prazo […] Não podemos resolver esta pandemia apenas em casa. Mesmo que resolvamos o problema na Europa, não ficará resolvido se não estiver resolvido em todo o lado, porque pode voltar a qualquer momento”, enfatizou.

Seguindo a mesma ordem de ideias, o chefe da diplomacia da UE apontou que “se o problema não for resolvido em África, não será resolvido na Europa“, e admitiu que “África é motivo de particular preocupação” para a União Europeia.

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“São nossos vizinhos e a pandemia lá pode sair de controlo muito rapidamente. Infelizmente, não têm as mesmas capacidades de cuidados de saúde. Lembrem-se simplesmente que na Europa temos 37 médicos por 10 mil habitantes, enquanto em África têm um médico por 10 mil habitantes”, apontou, acrescentando que se se comprar “o número de camas em hospitais ou de unidades de cuidados intensivos” dos dois continentes, a diferença é tanto ou mais “esmagadora”.

“Por isso, é óbvio que a mesma ameaça pode fazer muitos mais danos em África do que na Europa. Nós temos de ajudar África no nosso próprio interesse, porque se a pandemia se espalhar lá, pode muito bem regressar à Europa”, reforçou.

Borrell indicou que solicitou a realização, na próxima semana, de uma reunião de ministros do Desenvolvimento da União Europeia, para discutir pacotes de assistência para ajudar África a faz face à pandemia, que já chegou a 50 dos 55 países e territórios africanos.

Ainda no plano externo, o chefe de diplomacia da UE acrescentou que em certos países do globo e em certas zonas de conflito, “como Síria, Líbia ou Iémen, os efeitos devastadores do coronavírus podem ser multiplicados juntando dois conflitos ao mesmo tempo”.

“É por isso que apoiamos totalmente os esforços do secretário-geral da ONU [António Guterres] para coordenar uma reposta ao nível mundial à pandemia, assim como apoiamos o seu apelo a um cessar-fogo global”, disse Borrell.