O primeiro “artigo base” acabou por chegar em forma de editorial no Libertad Digital, que se queixava de ter visto vetadas todas as perguntas da publicação em conferências de imprensa do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, desde que foi declarado o estado de alarme no país. O movimento ganhou outro peso com o El Mundo, que num editorial se juntou à ideia. E entretanto quer o ABC, quer o Vozpópuli já integram também o movimento que se explica de forma simples: enquanto existirem “conferências-farsas”, estes meios não marcarão presença.

Miguel Ángel Oliver, secretário de Estado da Comunicação, é o grande alvo dos jornais, que o acusam de escolher e filtrar perguntas que chegam antes da conferência através de uma conversação criada com esse propósito. Ou seja, podem chegar dez, 20 ou 30 questões que só são feitas algumas escolhidas “a dedo” pelo responsável.

“O El Mundo não pode continuar a participar numa anomalia democrática que já adquiriu a categoria de autêntico escândalo com as sucessivas conferências de imprensa que o governo tem imposto com a desculpa da pandemia”, diz o jornal que anuncia assim a decisão de “deixar de participar nas farsas que, desde o presidente do governo ao último dos seus técnicos, não estão a cumprir com a sua obrigação de prestarem contas à opinião pública”.

“Apesar das denúncias das associações de imprensa, o secretário de Estado das Comunicações, exercendo o papel de comissário político, continua a controlar as perguntas que são feitas a Pedro Sánchez, filtrando-as a seu gosto, impedindo que se possa contrapor perguntas e permitindo que o seu líder, em vez de responder aos meios, aproveite para soltar monólogos. A tecnologia hoje facilita que possamos exercer o nosso trabalho, sem risco nenhum, mas o governo prefere usar a mordaça”, acrescenta o editorial do El Mundo, que reforça mais uma vez a mensagem no final: “Enquanto não for retificado, saímos desta fraude aos cidadãos”.

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