Os sindicatos que representam os trabalhadores da aviação e dos aeroportos querem que a ANA — Aeroportos de Portugal retribua aos funcionários “uma pequena parte daquilo que ganhou” nos últimos anos, na sequência da pandemia covid-19.

De acordo com um comunicado divulgado na sexta-feira, a ANA “tentou obter junto dos sindicatos uma carta de conforto para aplicar algumas medidas que, entende a empresa, possam mitigar os efeitos nas suas contas”, devido à pandemia da doença provocada pelo SARS-CoV-2.

A nota é assinada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), pelo Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Aeroportos e Aviação (SINDAV) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC).

O presidente executivo da ANA, Thierry Ligonnière, disse na quarta-feira que estava a dialogar com os trabalhadores, “pedindo a colaboração voluntária de todos com um conjunto de medidas”, para tentar evitar a aplicação do ‘lay-off’ na empresa.

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Os três sindicatos consideram que estas propostas diferenciam “o espírito de sacrifício dos trabalhadores do espírito de sacrifício da ANA” e querem, por isso, que a empresa retribua aos trabalhadores, “ao setor da aviação e dos aeroportos e a Portugal, uma pequena parte daquilo que ganhou nos últimos seis anos”.

As estruturas sindicais advogam que ANA acumulou “resultados positivos nos últimos seis anos que lhe permitem, pelo menos por enquanto, fazer face ao cenário” de pandemia.

Thierry Ligonnière realçou que “todas estas medidas [propostas] serão voluntárias e só serão executadas com o acordo do próprio trabalhador”.

A Lusa noticiou, na terça-feira, que o presidente da ANA apelou à “adesão individual a uma ou mais medidas de apoio”.

Entre estas medidas constam a atribuição de licenças sem vencimento, redução temporária de 20% do período normal de trabalho durante três meses ou o gozo antecipado de férias relativas a 2020.

A empresa gestora dos aeroportos nacionais também anunciou a aplicação de um corte de 20% nos salários da comissão executiva, a suspensão da distribuição de prémios durante o período da crise, da revisão da tabela salarial e da atualização do subsídio de refeição até ao final do ano.

Thierry Ligonnière informou ainda que “deverão ser gozados os descansos compensatórios já vencidos e as férias relativas aos anos anteriores, até 30 de abril” e que está suspensa a realização de trabalho suplementar, salvo autorização expressa da comissão executiva”.

Além disso, refere, foram interrompidas as ações de consultoria externa, as contratações e adiadas ações de manutenção preventiva em infraestruturas e equipamentos não críticos.